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Acnur alarmado com retorno forçado de mais de 800 refugiados à Nigéria

Refugiados nigerianos a retornar dos Camarões. Foto: Acnur/Romain Desclous

Acnur alarmado com retorno forçado de mais de 800 refugiados à Nigéria

Grupo maioritariamente composto por crianças teria sido repatriado na noite de terça-feira; alto comissário para Refugiados quer que seja evitado repatriamento sob quaisquer circunstâncias.

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, expressou “alarme” com mais um incidente de retorno forçado de refugiados dos Camarões para o nordeste da Nigéria. Na área decorrem combates entre o governo e as milícias terroristas Boko Haram.

Na terça-feira, pelo menos 887 pessoas, a maioria crianças, teriam sido repatriadas em seis camiões policiais e militares camaroneses a partir da área de Kolofata, na fronteira.

Desespero

Os refugiados teriam sido “cercados” por volta das 19:30, hora local, e retirados à força para a região nigeriana de Banki “em condições de desespero”.

De acordo com o Acnur, a medida segue-se a outros incidentes ocorridos no início do ano.

Recentemente, os países da região foram avisados sobre a “situação perigosa” provocada pelo retorno de refugiados porque “ainda não há condições para um regresso seguro e sustentável”.

Serviços

O alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, disse que o retorno involuntário de refugiados deve ser evitado sob quaisquer circunstâncias.

Para o chefe da agência, o regresso à Nigéria coloca mais pressão sobre os poucos serviços existentes que neste momento são insustentáveis. Grandi pediu que uma nova emergência seja evitada a todo o custo com o início da estação chuvosa.

O Acnur reitera o seu apelo às autoridades dos dois países para que permitam a entrada dos recém-chegados ao acampamento nigeriano de Minawao, onde vivem 58 mil pessoas e outras 33 mil em aldeias próximas.

O outro pedido é que as partes se abstenham de obrigar os refugiados a voltar ao seu país e convoquem urgentemente um encontro da Comissão Tripartida.

O mecanismo com o apoio do Acnur pretende garantir um processo de regresso voluntário que observe as normas internacionais.

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