ONU pede proteção para envolvidos no julgamento de ex-líder rebelde congolês
Julgamento de Bosco Ntaganda no TPI entra no segundo dia; representante especial do secretário-geral sobre Violência Sexual em Conflitos destaca a vitória de sobreviventes, famílias e defensores dos direitos humanos.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A representante especial do secretário-geral sobre Violência Sexual em Conflitos, Zainab Bangura, pediu apoio e proteção para vítimas, testemunhas e peritos envolvidos no julgamento de um ex-líder rebelde congolês.
Esta quinta-feira é o segundo dia de sessões do julgamento de Bosco Ntaganda no Tribunal Penal Internacional, TPI, em Haia.
Crianças-soldado
O réu responde a 18 acusações de delitos que incluem assassinato, estupro e recrutamento de crianças-soldado na República Democrática do Congo, RD Congo. Ele declarou-se inocente das denúncias na sua primeira audiência do julgamento, na quarta-feira.
Bangura disse que o antigo integrante do exército e de vários grupos rebeldes congoleses teve provas recolhidas de mais de 2 mil alegadas vítimas. Agências de notícias dizem que o caso é "um dos mais complexos da história do TPI".
Lembrete
A representante considerou "histórico" o julgamento do líder da União dos Patriotas Congoleses, UPC. Para ela, o processo deve "servir de lembrete poderoso a todos os outros líderes militares acusados de atos semelhantes, de que a justiça pode ser adiada, mas não será negada".
Para a responsável, a abertura das sessões é uma vitória para "sobreviventes dos ataques selvagens alegadamente perpetrados sob a liderança militar de Ntaganda". Ela destaca que esse triunfo estende-se às suas famílias e aos defensores dos direitos humanos que combatem em seu nome.
Coragem
A nota elogia a procuradora-chefe do TPI, Fatou Bensouda, pelo processo de acusação e aos que contribuíram para que Ntaganda fosse levado à justiça.
Após lembrar que as denúncias são ligadas a atrocidades cometidas na área de Ituri, no leste, entre setembro de 2002 e 2003, Bangura considera inspiradora a coragem e determinação em ver a justiça a ser feita.
Ao Governo da RD Congo, a representante pede que seja garantida a aplicação total do plano de ação das Forças Armadas contra a violência sexual. O objetivo é levar sistematicamente à justiça os autores dos crimes e indemnizar às vítimas.
Leia Mais:
Exposição do caso de ex-líder de milícia pode ser feita da RD Congo, diz TPI
TPI realiza primeira audiência do ex-líder rebelde da RD Congo