Relatores afirmam que impacto em minorias no Iraque é “arrasador” BR

Segundo especialistas da ONU em direitos humanos, riscos são maiores para civis em áreas controladas pelo Estado Islâmico; relatores também temem a escalada das violações dos direitos humanos em Mossul.
Michelle Alves de Lima, da Rádio ONU em Nova York.
Dois especialistas da ONU em direitos humanos afirmaram nesta sexta-feira que minorias étnicas e religiosas no Iraque estão sofrendo as consequências do conflito que toma conta do país.
Eles acreditam que caso medidas de proteção não sejam implementadas com urgência, o impacto nessas minorias pode ser “arrasador e irreversível”.
Integridade física
A relatora especial para os Direitos de Minorias disse também estar preocupada com a integridade física de grupos que incluem cristãos, xiitas – que são minoria no norte do país –, shabaks, entre outros.
Segundo Rita Izsák, essas populações estão sendo perseguidas e ameaçadas por grupos armados em diversas áreas da região norte do Iraque.
De acordo com os especialistas, civis que estão em áreas controladas pelo movimento Estado Islâmico “são obrigados a aderir a uma interpretação estrita da lei islâmica ou encarar a morte, independentemente de sua origem religiosa”.
Mossul
Os relatores temem ainda que violações dos direitos humanos contra minorias religiosas em Mossul e outras áreas, incluindo Sinjar e Ninewa, estejam aumentando.
Como resultado, um grande número de cristãos fugiu de Mossul. Muitos foram para o norte de Ninewa e Dohuk, regiões sob o controle curdo. Segundo fontes, apenas alguns cristãos que são extremamente pobres ou não têm condições de viajar permaneceram na cidade.
O movimento Estado Islâmico e grupos armados associados tomaram controle de várias cidades e regiões ao norte do Iraque nas últimas semanas. Eles são acusados de graves violações de direitos humanos, incluindo possíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Crise humanitária
O relator especial sobre os Direitos Humanos dos Deslocados Internos, Chaloka Beyani, ressaltou que o conflito já tirou cerca de 1,2 milhão de pessoas de suas casas. A maior parte consiste em minorias que fugiram da região noroeste do Iraque.
De acordo com Beyani, o enorme deslocamento está se tornando uma crise humanitária. Ele disse que, neste momento, proteção especial às minorias e a outros deslocados internos iraquianos é vital.
Leia mais:
No Iraque, Ban reitera repúdio pelos abusos contra civis e minorias
Conselho de Segurança fala sobre ataques a minorias religiosas no Iraque