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Escritório recolhe dados sobre incidente de forças chadianas em Bangui

Escritório recolhe dados sobre incidente de forças chadianas em Bangui

Investigadores de direitos humanos dizem que tiros mataram cerca de 30 pessoas e fizeram mais de 300 feridos graves; apuramento envolveu dois hospitais e o mercado afetado num bairro da capital centro-africana.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O Escritório de Direitos Humanos da ONU anunciou, esta sexta-feira, que recebeu informações mais detalhadas sobre o incidente que envolveu soldados do Chade no último fim de semana na capital centro-africana.

A equipa de investigadores da entidade disse que a 29 de março, os soldados do exército do Chade seguiram num comboio militar composto por várias carrinhas de caixa aberta para o bairro PK 12 em Bangui.

Muçulmanos

O grupo cita várias fontes que disseram acreditar que as tropas teriam entrado à força na capital centro-africana, para retirar cidadãos chadianos e outros habitantes muçulmanos. A alegação é que os militares iriam salvá-los de novos ataques das milícias anti- Balaka, consideradas cristãs.

O porta-voz do escritório, Rupert Colville, disse que as viaturas chegaram ao mercado cerca das 15 horas locais e os militares abriram fogo sobre a população sem que tenha havido provocação. Como destacou, meninas e mulheres que compravam e vendiam produtos estavam no local.

A entidade diz que, até ao momento, a informação recolhida revela que aparentemente a ação da força do Chade foi totalmente desproporcional ao ter disparado num mercado lotado de civis desarmados.

As conclusões preliminares da equipa apontam que os tiros mataram cerca de 30 pessoas e fizeram mais de 300 feridos graves. As baixas incluem crianças, pessoas com deficiência, mulheres grávidas e idosos por serem menos capazes de correr para salvar a vida.

Sobreviventes

De acordo com as informações do escritório, publicadas em Genebra, a investigação inicial foi realizada por uma equipa de direitos humanos no terreno no princípio desta semana.

Além da deslocação ao local onde ocorreu o tiroteio, foram visitados dois hospitais, um comunitário e outro geral, onde a maioria dos sobreviventes está em tratamento.