ONU: homens armados da região estão na República Centro-Africana
Alta Comissária para os direitos humanos revela apreensão com aumento dos risco da crise; agências noticiosas calcula em 1 mil mortos devido à escalada de combates nas últimas duas semanas.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A alta comissária para os Direitos Humanos disse que está preocupada com o elevado risco de crise na República Centro-Africana, após relatos de envolvimento de homens armados dos países vizinhos.
Nesta sexta-feira, a responsável das Nações Unidas alertou para o perigo de a situação tornar-se “difícil de conter”, caso não seja controlada. Agências noticiosas dizem que a escalada de combates nas últimas duas semanas no país teria provocado 1 mil mortos.
Cristãos e Muçulmanos
A ONU estima que 210 mil pessoas abandonaram as suas casas somente na capital, Bangui. Os confrontos envolvem grupos anti-Balaka, tidos como cristãos, e as forças Séléka, consideradas de maioria muçulmana.
Uma equipa de peritos do escritório disse ter recebido relatos de violações contínuas perpetradas pelos dois grupos em várias partes do país.
De Bouar, a oeste, surgiram relatos de distribuição de armas para a população civil muçulmana levada a cabo pelos Séléka. Desde outubro, a área é regista combates que fizeram dezenas de mortos.
Ataques
A nota da alta comissária considera os desenvolvimentos “extremamente preocupantes”, e aponta que estes devem servir de sinal de alarme ao mundo para esforços urgentes e sustentados com vista a evitar um desastre.
Na capital Bangui, habitantes que fugiram das suas casas dizem ter receios de regressar por medo de ataques dos anti-Balaka. De acordo com os relatos, estes parecem estar a tornar-se “fortemente armados e organizados.”
Pillay advertiu que as diferenças religiosas estão a ser usadas para manipulação por parte de políticos em ações que resultam em mortes.
A responsável pede aos líderes centro-africanos, a nível local e nacional, que parem de alimentar a violência com base na religião.
Pessoal no Terreno
O Programa Mundial da Alimentação disse que as operações no terreno são perigosas para o seu pessoal que apoia grupos de centro-africanos em orfanatos, hospitais, igrejas e mesquitas.
Já a Organização Mundial de Saúde afirmou que os hospitais do país continuam a ser alvo de pilhagem por grupos armados não identificados.