Itália suspende resgate de migrantes africanos por causa do mau tempo
Segundo Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, mar agitado levou guarda costeira italiana a interromper operação; barco com 500 migrantes africanos afundou a meia milha da ilha de Lampedusa.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova York.*
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, informou que a operação de busca de sobreviventes de um naufrágio perto da ilha de Lampedusa, na Itália, foi interrompida, nesta sexta-feira, por causa do mau tempo.
O barco, que transportava 500 migrantes africanos, a maioria da Eritreia, afundou na quinta-feira quando estava a apenas meia milha da ilha de Lampedusa.
Misrata
O Acnur informou que o mar amanheceu agitado no litoral italiano e que para evitar outros acidentes, os guardas costeiros decidiram suspender as buscas temporariamente.
A porta-voz do Acnur informou, em Genebra, que o barco naufragado havia partido da Líbia há 13 dias, rumo à Europa. A maioria dos migrantes embarcou na cidade de Misrata, e um segundo grupo, em Zuwara, mais a oeste do país africano.
Melissa Fleming disse que até agora 155 pessoas foram resgatadas, incluindo 40 adolescentes de até 17 anos desacompanhados. O grupo inclui ainda seis mulheres.
Barcos de Pesca
Os sobreviventes sob estado de choque e cansados contaram que o naufrágio foi visto por vários barcos de pesca, mas que não houve socorro. Até o momento, foram recuperados 111 corpos, mas o número de mortos pode subir porque centenas de migrantes continuam desaparecidos.
Ainda segundo o Acnur, o motor da embarcação parou de funcionar quando se aproximava da costa italiana.
Nesta sexta-feira, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu o reforço das ações para evitar a repetição de acidentes similares. O apelo foi lançado às autoridades italianas e à comunidade internacional, especialmente à União Europeia.
Tráfico de Migrantes
Após expressar choque com as mortes no incidente, Pillay saudou os esforços feitos pelas autoridades italianas como parte da operação de resgate. Para ela, a comunidade internacional deve garantir que honra os seus compromissos no âmbito do Direito Internacional dos Refugiados.
A outra preocupação da alta comissária é o aumento das taxas de contrabando e de tráfico de migrantes e de refugiados no Mediterrâneo e em áreas como o Golfo do Áden.
Para Pillay, o fenômeno indica o nível de desespero das pessoas que vivem em áreas da Eritreia e de países como a Somália, atingidas pela insegurança e conflitos, problemas econômicos, sociais e culturais.
A Organização Internacional para Migrações, OIM, informou que nos últimos 20 anos, pelo menos 20 mil pessoas morreram nas águas da costa italiana em naufrágios com embarcações que transportavam migrantes.
*Apresentação: Mônica Villela Grayley.