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Interrompidas buscas a sobreviventes do acidente de Lampedusa

Interrompidas buscas a sobreviventes do acidente de Lampedusa

Acnur aponta agitação do mar como razão para a medida; alta comissária para os Direitos Humanos quer reforço de ações para evitar repetição de acidentes; cerca de 20 mil pessoas morreram nas águas da costa italiana nas últimas duas décadas.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, informou que foi interrompida a operação de busca de sobreviventes do barco naufragado nesta quinta-feira na ilha italiana de Lampedusa.

O motivo apontado pela agência foi a agitação do mar. Uma nota do Acnur indica que os esforços estão agora concentrados na ajuda aos sobreviventes da embarcação, que transportava 500 cidadãos, a maioria eritreus.

Desacompanhados

Falando a jornalistas, em Genebra, a porta-voz do Acnur citou relatos dos sobreviventes, segundo os quais o barco partiu há 13 dias da Líbia. A representante acrescentou que a maioria embarcou em Misrata, mas veio a ser acrescida por um grupo mais a oeste, em Zuwara.

Melissa Fleming disse que 155 pessoas foram resgatadas, incluindo 40 rapazes desacompanhados de idades entre os 14 e os 17 anos, além de seis mulheres. Eles estão cansados e em estado de choque, tendo  confirmado até ao momento, a recuperação de 111 corpos.

Ajuda

O Acnur indica que o motor da embarcação parou de funcionar nas proximidades da costa italiana. Durante os momentos de espera, para que fossem vistos e resgatados, vários barcos de pesca teriam passado sem oferecer ajuda.

Nesta sexta-feira, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu o reforço das ações para evitar a repetição de acidentes similares. O apelo foi lançado às autoridades italianas e à comunidade internacional, especialmente à União Europeia.

Compromissos

Após expressar choque com as mortes no incidente, Pillay saudou os esforços feitos pelas autoridades italianas como parte da operação de resgate. Para ela, a comunidade internacional deve garantir que honra os seus compromissos no âmbito do Direito Internacional dos Refugiados.

A outra preocupação da alta comissária é o aumento das taxas de contrabando e de tráfico de migrantes e de refugiados no Mediterrâneo e em áreas como o Golfo de Áden.

Direitos

Para Pillay, o fenómeno indica o nível de desespero das pessoas que vivem em áreas da Eritreia e de países como a Somália, atingidas pela insegurança e conflitos bem como a falta de gozo dos direitos económicos, sociais e culturais básicos.

A responsável considera fundamental um maior envolvimento da comunidade internacional na melhoria da situação dos direitos humanos no terreno.

Vidas em Risco

A proposta é que sejam tratadas as causas profundas do problema, para que haja melhorias suficientes “e que as pessoas não sintam a necessidade de colocar as vidas em risco ao seguir para viagens perigosas.”

A Organização Internacional para Migrações refere que, ao longo dos últimos 20 anos, pelo menos 20 mil pessoas morreram nas águas da costa italiana.