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Pnud: Desigualdade é o motor dos conflitos sociais na América Latina BR

Pnud: Desigualdade é o motor dos conflitos sociais na América Latina

Relatório da agência da ONU cita exemplos do Brasil, da Bolívia e de El Salvador, entre outros países; estudo não analisou conflitos relacionados à criminalidade ou tráfico de drogas.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

Os países latino-americanos com os maiores números de conflitos são os que têm também casos de amplas desigualdades sociais. A constatação é parte de um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud.

A agência da ONU afirma que, nesses casos, os governos também têm uma “capacidade limitada” para gerenciar os protestos. A pesquisa foi divulgada nesta terça-feira em Nova York, sede do Pnud.

Cidadãos

Segundo o estudo “Entendendo o Conflito Social na América Latina”, a região tem mais tensões sociais, institucionais e culturais do que outras do mundo. Mas, existe também um alto grau de participação de cidadãos nesses processos de questionamentos.

O Brasil é um dos países estudados. Ao comentar a queda do poder de influência de sindicatos latino-americanos, os pesquisadores citaram o caso da Central Única de Trabalhadores, no Brasil, como uma exceção à regra.

Para o Pnud, o modelo do “livre mercado” falhou em estabelecer uma nova ordem social na América Latina. Os especialistas acreditam que os Estados devem se envolver mais na promoção da inclusão social de seus cidadãos.

Média

O estudo menciona Bolívia, Peru e Argentina como países com o maior número de conflitos sociais. Existe uma média de 200 para cada um. Já Costa Rica, Chile e El Salvador têm menos conflitos, cerca de 58.

Foram analisadas mais de 2,3 mil conflitos sociais em toda a região com base em reportagens de 54 jornais em 17 nações entre outubro de 2009 e setembro de 2010. Este estudo não cobriu situações associadas à criminalidade, tráfico de drogas, guerras ou movimentos de guerrilhas.

“Arte Brasileira”

Na maioria dos casos, a internet foi usada como ferramenta para a demanda por mudanças. Quase 60% dos indivíduos e organizações que protestaram tinham uma presença na rede mundial de computadores.

O estudo destacou o que chamou de “arte brasileira de negociar” através de mecanismos informais numa tentativa de resolver impasses.

O chefe da Divisão de América Latina e Caribe do Pnud, Heraldo Muñoz, disse que “os conflitos são parte de um processo democrático, e que se gerenciado através de diálogo e negociação eles são uma grande oportunidade para transformações profundas, e uma América Latina mais justa.”

Os países avaliados foram Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uuruguai e Venezuela.