Parlamentos no mundo devem se aproximar mais dos cidadãos, diz relatório
Em pesquisa, divulgada nesta segunda-feira pela ONU e pela União Interparlamentar, apesar de receber críticas, os Parlamentos ainda são considerados vitais à democracia.
Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.
Parlamentos, em todo o mundo, estão sendo mais cobrados pelos eleitores. Apesar de serem considerados vitais à democracia, muitas casas legislativas estão sendo questionadas sobre sua capacidade de fazer com que governos prestem conta de suas ações.
A constatação faz parte de uma pesquisa, lançada nesta segunda-feira, em Genebra, na Suíça, e em Campala, Uganda. Segundo o levantamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, e da União Interparlamentar, os eleitores querem que os Parlamentos se aproximem mais dos cidadãos.
Desconfiança
O Relatório Global Parlamentar, o primeiro do gênero, analisou a natureza de mudança na representação em Parlamentos. Segundo os entrevistados, para diminuir o nível de desconfiança dos eleitores, os políticos terão que ouvir mais a voz das ruas.
Nesta entrevista à Rádio ONU, de Lisboa, a deputada da Assembleia da República, em Portugal, Mónica Ferro, disse compreender a desconfiança.
“Esse distanciamento dos eleitorados. Essa ideia que os eleitores têm que os políticos só recorrem a eles em épocas de eleições é a causa de muito do desprestígio de uma certa classe política e também a causa de uma ação política mal fundada. Se eu não interagir com os meus eleitorados, não serei uma boa representante, não serei uma boa deputada à Assembleia da República. Considero que este contato é vital e não só em períodos eleitorais.”
Regimes Democráticos
Ao todo, participaram da pesquisa 660 integrantes de Parlamentos de mais de 125 casas legislativas. A falta de apoio ocorre tanto em democracias estabelecidas como também em regimes democráticos jovens.
Na Lituânia e nos Estados Unidos, por exemplo, o nível de confiança dos eleitores é de menos de 10%. Níveis parecidos aos dos países árabes, do sudeste da Ásia e do Pacífico.
Já na África Subsaariana, mais da metade dos entrevistados disseram confiar em seus deputados e senadores.
O relatório da ONU e da União Interparlamentar menciona várias iniciativas para melhor informar os eleitores sobre o trabalho dos Parlamentos como páginas na internet, redes de TV e rádio, promoção de visitas aos políticos, como nos casos do Afeganistão e do Benin.
Na Namíbia, ônibus rodam o país dando aos eleitores a chance de expressar suas opiniões aos políticos. Mesmo assim, o relatório informa que a influências dos eleitores sobre o resultado das discussões nos Parlamentos ainda é limitada.