Brasil se abstém em votação de resolução sobre violência na Síria
País diz que “texto deveria ter recebido mais tempo de reflexão antes de ser levado à votação”; proposta obteve nove votos, mas foi derrotada por dois vetos: um da China e o outro da Rússia.
[caption id="attachment_205903" align="alignleft" width="350" caption="Conselho de Segurança se reuniu na terça-feira"]
Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.*
Uma proposta de resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a violência na Síria foi vetada, no fim da tarde desta terça-feira.
O texto recebeu nove votos a favor, o necessário para aprovação no órgão de 15 países-membros, mas não pode ser adotado por causa dos vetos da Rússia e da China. Pelas regras do Conselho, um veto é suficiente para derrotar uma proposta.
Membros Permanentes
Apenas cinco países têm direito a esse recurso, os chamados membros permanentes: China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia.
O Brasil ao lado da Índia, da África do Sul, e do Líbano, se absteve da votação. Falando em inglês, a embaixadora brasileira, Maria Luiza Ribeiro Viotti, justificou o voto.
Ela afirmou que o Brasil está convencido de que ao dar mais tempo para a votação, “diferenças poderiam ter sido superadas e preocupações acatadas.”
Segundo relatos recebidos pelas Nações Unidas, a violência política na Síria já matou cerca de 2,7 mil pessoas desde meados de março, quando manifestantes saíram às ruas contra o presidente Bashar al-Assad.
O texto da resolução expressava “preocupação profunda” com atos recentes de violência e condenava o que chamou de “as sistemáticas e graves violações dos direitos humanos” no país.
Aspirações do Povo
A proposta ainda pedia a “todos os lados que rejeitassem a violência e o extremismo adotando um processo inclusivo para acabar com o medo, a intimidação e para responder às aspirações do povo sírio.”
Os representantes da Rússia e da China disseram a jornalistas na saída da sessão que o veto foi dado para evitar “um aumento da tensão na região.”
O embaixador José Filipe Moraes Cabral, de Portugal, um dos países que apoiaram a resolução, expressou sua decepção com o resultado.
O embaixador português disse que desde a declaração presidencial condenado a violência na Síria, há um mês, a situação no país está piorando e mais pessoas estão sendo mortas.
Já o representante da Síria, Bashar Ja’afari, chamou de “poderes coloniais” os países que apoiaram o texto.
O embaixador sírio disse que Portugal é um ex-poder colonial e citou a atuação do país europeu na África. Bashar Ja’afari também criticou a Alemanha, a França, e a Grã-Bretanha em relação às duas Guerras Mundiais. Para o embaixador sírio, esses países “não têm como falar em direitos humanos.”
O representante da Síria também afirmou que o projeto de resolução refletia o que ele chamou de “atitude tendenciosa” de nações do Ocidente para minar as autoridades sírias.