Cabo Delgado: violência quadruplicou número de deslocados internos desde janeiro
Mais de 33 mil moçambicanos fugiram de suas casas somente na semana passada; trabalhadores humanitários estão preocupados com piora da situação, que afeta principalmente crianças e mulheres.
Dezenas de milhares de pessoas continuam a fugir da violência, em Cabo Delgado, no norte de Moçambique. A situação tem desafiado a capacidade do governo e de agências humanitárias de atender os deslocados.
A Organização Internacional para Migrações, OIM, divulgados esta terça-feira, que apenas na semana passada, mais de 33 mil pessoas tiveram que fugir de suas casas para escapar da insegurança.
Necessidades
Segundo a agência da ONU, o número aumentou quatro vezes, passando de 88 mil, em janeiro, para mais de 355 mil. A piora se deve aos ataques de grupos armados de extremistas islâmicos com forças de segurança de Moçambique.
A chefe da OIM no país, Laura Tomm-Bonde, disse que “os relatos sobre a violência contra civis são profundamente perturbadores.”
Ela contou que “a equipe da OIM está ajudando milhares de famílias, incluindo muitas com crianças pequenas, a sobreviver ao deslocamento.”
Mas segundo ela, “os recursos disponíveis não cobrem as extensas necessidades humanitárias das famílias que chegam sem nada.”
Acesso
Nas últimas semanas, por causa da insegurança, a OIM não pôde chegar a vários distritos do norte da província e ao longo da costa.
A agência contou que tem mais de 100 funcionários no terreno e que eles “continuam empenhados em prestar assistência aos deslocados nos oito distritos onde a OIM pode trabalhar.”
De 16 de outubro a 11 de novembro, mais de 14,4 mil moçambicanos chegaram de barco à praia de Paquitequete, na capital da província, Pemba. Em apenas um dia, atracaram 29 embarcações com deslocados na área.
Segundo a agência, pelo menos 38 pessoas, incluindo muitas crianças, morreram durante um naufrágio em 29 de outubro.
Crise
Uma das pessoas assistidas pela OIM contou que, quando a sua comunidade foi atacada com um incêndio criminoso, a família dela teve que fugir somente com a roupa do corpo. Eles estavam trabalhando no campo e perderam tudo.
Centenas de famílias continuam sendo abrigadas por outras em Pemba, onde já vivem 100 mil deslocados. Os recursos das comunidades anfitriãs são limitados e falta espaço para acolher todos.
Outras necessidades urgentes incluem saúde de emergência, proteção e apoio psicológico, acesso a saneamento, água e alimentos.