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Enviado da ONU otimista com esforços para acabar com conflito no Iêmen

A estimativa da ONU é que 21,6 milhões de pessoas vão precisar de assistência humanitária e serviços de proteção no Iêmen
© Unocha
A estimativa da ONU é que 21,6 milhões de pessoas vão precisar de assistência humanitária e serviços de proteção no Iêmen

Enviado da ONU otimista com esforços para acabar com conflito no Iêmen

Paz e segurança

Em sessão no Conselho de Segurança, Hans Grundberg, diz que não houve escalada na violência ou mudanças na linha de frente; mesmo com situação militar estável, subsecretário-geral para Assuntos Humanitários alerta que 21,6 milhões de pessoas devem precisar de ajuda e proteção neste ano.

O Conselho de Segurança debateu, nesta segunda-feira, a situação no Iêmen. O enviado especial ao país, Hans Grundberg, afirmou em videochamada que a situação militar geral no país permanece estável.

Segundo Grundberg, não houve grande escalada ou mudanças na disposição das linhas de frente. Ele acrescentou que atualmente há uma intensificação da diplomacia para resolver o conflito.

Enviado especial para Iêmen, Hans Grundberg,
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Enviado especial para Iêmen, Hans Grundberg,

Solução integrada

Ele destacou esforços da Arábia Saudita e de Omã e adicionou que os avanços apontam para uma possível mudança. O conflito já dura oito anos. Para o enviado especial, os diálogos são uma possibilidade que não deve ser desperdiçada e que exige ações responsáveis.

Grundberg lembra que questões de soberania só podem ser resolvidas de forma sustentável por meio de um diálogo inclusivo entre os iemenitas. Ele contou que  sua equipe segue em consultas com várias partes interessadas do Iêmen, incluindo partidos políticos, grupos de mulheres e sociedade civil.

Em abril de 2021, a ONU intermediou um cessar-fogo que foi renovado duas vezes, até outubro passado.

Questão humanitária

O subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, também falou ao Conselho de Segurança que as necessidades humanitárias permanecem alarmantemente altas.

Segundo ele, a economia do país continua fraca e os serviços básicos à beira do colapso, apontando para um ano “extremamente difícil” para a população. A estimativa da ONU é que 21,6 milhões de pessoas vão precisar de assistência humanitária e serviços de proteção.

Griffiths acrescentou que no ano passado, os parceiros humanitários relataram mais de 3,3 mil incidentes de acesso, afetando a prestação de assistência a mais de 5 milhões de pessoas.

Participação feminina

Ele está bastante preocupado com a imposição de um mahram, ou a obrigatoriedade das mulheres ser acompanhadas por tutores homens, principalmente em áreas controladas pelas autoridades Houthi de facto.

Para ele, essas restrições têm impactos inaceitáveis e podem impedir que trabalhadoras humanitárias iemenitas viajem sem um tutor do sexo masculino, tanto dentro como fora do país.

Além disso, Griffiths avalia que a política restringe o trabalho de sua equipe e limitam a participação social e econômica das humanitárias. Ele adiciona que a obrigatoriedade vem impedindo a entrega eficaz de ajuda, forçando atrasos ou mesmo suspensões de missões e programas críticos.

Segundo o chefe de Assuntos Humanitários, isso está cada vez mais impedindo o acesso às pessoas mais vulneráveis do Iêmen, especialmente mulheres e meninas, que já são desproporcionalmente afetadas pela crise.