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Conselho de Segurança: fim da trégua no Iêmen anuncia “risco elevado de guerra”

Crianças sentadas em uma antiga sala de aula em uma escola destruída na cidade de Saada, no Iêmen. Elas agora frequentam a escola em uma tenda do Unicef
© Ocha/Giles Clarke
Crianças sentadas em uma antiga sala de aula em uma escola destruída na cidade de Saada, no Iêmen. Elas agora frequentam a escola em uma tenda do Unicef

Conselho de Segurança: fim da trégua no Iêmen anuncia “risco elevado de guerra”

Paz e segurança

Enviado especial da ONU falou aos membros do órgão sobre as incertezas após um período de paz relativa; país vem sofrendo com guerra civil que já dura mais de sete anos.  

Há 12 dias, terminou a trégua entre forças governamentais reconhecidas internacionalmente e os rebeldes houthis, no Iêmen. Na quinta-feira, o Conselho de Segurança se reuniu para discutir a situação no país.

O enviado especial da ONU, Hans Grundberg, disse que agora prevalecem novas incertezas e “um risco elevado de guerra”, após o fim de um período relativo de paz que durou cera de seis meses e meio.

Hans Grundberg disse que agora prevalecem novas incertezas e “um risco elevado de guerra”, após o fim de um período relativo de paz que durou cera de seis meses e meio
ONU/Eskinder Debebe
Hans Grundberg disse que agora prevalecem novas incertezas e “um risco elevado de guerra”, após o fim de um período relativo de paz que durou cera de seis meses e meio

Um acordo duradouro ou retorno à guerra

Ele contou que desde o início da trégua os iemenitas começaram a sentir um alívio, após mais de sete anos de guerra civil, que criou “uma oportunidade verdadeiramente histórica” de se alcançar um acordo duradouro.

Para Grundberg, agora ambos os lados devem optar por “preservar e construir a trégua” ou retornar à guerra. Ele disse que “a conquista e os benefícios da pausa não devem ser subestimados”.

O enviado especial afirmou que durante a trégua, não houve grandes operações militares e uma redução de 60% nas baixas.

Uma família compartilha uma refeição no Iêmen com alimentos fornecidos pelo programa mensal de assistência alimentar do PMA
© WFP/Saleh Hayyan
Uma família compartilha uma refeição no Iêmen com alimentos fornecidos pelo programa mensal de assistência alimentar do PMA

Benefícios da trégua

O aeroporto de Sanaa finalmente abriu para passageiros internacionais, permitindo que cerca de 27 mil iemenitas recebessem tratamento médico no exterior e buscassem oportunidades educacionais ou de negócios fora do país.

Mais de 1,4 milhão de toneladas de combustível foram entregues nos portos cruciais de Hodeida, no Mar Vermelho. Também houve reuniões presenciais mediadas pela ONU sobre a diminuição da escalada militar.

Grundberg lembrou que “a trégua nunca foi concebida como um fim em si mesma, mas como um alicerce para aumentar a confiança entre as partes e estabelecer um ambiente propício para trabalhar em direção a uma solução política para o conflito”.

Uma mulher no Iêmen usa o lixo recolhido nas ruas para acender seu fogão.
PMA/Hayat Al Sharif
Uma mulher no Iêmen usa o lixo recolhido nas ruas para acender seu fogão.

Novo acordo de pausa de armas ainda é possível

O representante da ONU relatou ao Conselho de Segurança seus esforços ​​para envolver as partes, assim como os parceiros regionais e internacionais sobre as opções de renovação. Ele disse que ainda existe a possibilidade de os lados chegarem a um acordo.

O enviado especial agradeceu ao Conselho pelo apoio e sustentou que sua posição juntamente com a renovação e expansão da trégua “deixou claro que a comunidade internacional espera que as partes cheguem a um acordo com senso de urgência”.

Redução de ameaças

A vice-coordenadora de Ajuda de Emergência da ONU, participou por vídeo de Hodeira, falando de “terríveis perigos” ainda enfrentados pelos civis.

Joyce Msuya disse que “as minas terrestres e outros explosivos continuam a ser a principal causa de baixas civis”. Segundo ela, no mês passado, 70 pessoas foram mortas ou feridas por minas terrestres, dispositivos explosivos improvisados ​​e munições não-detonadas.

A vice-coordenadora acrescentou que os impactos vão muito além de matar e mutilar, mas também “convertem atividades simples, como cultivar, pescar ou caminhar até a escola, em possíveis cenários de vida ou morte”.

Ela pediu mais ações urgentes e maior apoio aos projetos de desminagem e ajuda com importação de equipamentos.

Mulher e criança deslocadas vivendo em uma escola abandonada em Aden, Iêmen
© WFP/Annabel Symington
Mulher e criança deslocadas vivendo em uma escola abandonada em Aden, Iêmen

Outros problemas

Msuya também afirmou que a deterioração da economia do Iêmen e o colapso dos serviços básicos trazem outros perigos.

Nos últimos seis dias, ela viu, em primeira mão, falta de alimentos no mercado e de itens básicos, hospitais e escolas sem equipamentos, médicos e professores ganhando pouco ou sem receber.

Para ela, os trabalhadores humanitários estão fazendo o possível para atender as necessidades mais urgentes, mas não podem fazer isso sozinhos, e precisam de mais apoio.