Fome e vulnerabilidade agravam situação humanitária no Iêmen BR

Conselho de Segurança abordou situação humanitária necessitando de mais de US$ 4 bilhões; enviado especial falou de aumento de bombardeios em áreas civis e reuniões para o fim do conflito; agências de auxílio apresentam dificuldades para alcançar algumas regiões do país.
O Conselho de Segurança se reuniu nesta terça-feira para debater a situação iemenita. O encontro aconteceu às vésperas do evento de alto nível para levantar fundos que conta com o apoio do Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Ocha.
O enviado especial da ONU para o Iêmen, Hans Grundberg, e o chefe humanitário das Nações Unidas, Martin Griffiths, falaram aos 15 Estados-membros do órgão sobre a aprofundamento da fome e da vulnerabilidade dos iemenitas.
De acordo com o enviado especial, bombardeios em zonas civis causaram morte de civis e a destruição de prédios residenciais. Hans Grundberg ressaltou o número de crianças que foram vítimas de combates. Pelo menos 10 mil menores morreram ou ficaram feridos nos últimos anos de conflito.
Ao afirmar que a situação pode ainda se agravar, ele citou o declínio da economia no Iêmen e a falta de abastecimento de fontes de energia. A situação piora o acesso aos serviços básicos no país.
Hans Grundberg também citou as restrições de liberdade de movimento com o fechamento do principal aeroporto do Iêmen. A situação das mulheres é ainda mais desfavorável porque não podem deixar o país sem estarem acompanhadas de um homem.
O enviado afirmou que está abrindo auscultações públicas e conduzindo reuniões bilaterais com líderes de partidos para fomentar conversas que levem ao fim dos conflitos. O enviado afirmou que está encorajando as partes de incluírem pelo menos 30% de mulheres em seus grupos partidários.
Abordando o agravamento da crise humanitária no Iêmen, o chefe humanitário Martin Griffiths expôs aos membros do Conselho de Segurança dados revelando o aprofundamento da fome no país com a falta de fundos.
Sobre evento para levantar financiamento, previsto para quarta-feira, a meta é mitigar a situação. Ele anunciou que US$ 4,3 bilhões serão necessários para ajudar cerca de 17 milhões de pessoas.
Martin Griffiths afirmou que o encontro será uma oportunidade para mostrar que a comunidade internacional “não está desistindo do Iêmen, mesmo depois de todos esses anos, e com novas crises surgindo”.
Ele ainda destacou que novas avaliações nacionais confirmam que 23,4 milhões de pessoas agora precisam assistência em todo o país. O número representa cerca de três em cada quatro pessoas.
Sobre a escalada da violência, Griffiths afirmou que mesmo com vários apelos ao diálogo e ao cessar-fogo os confrontos persistem ao longo quase 50 linhas de frente.
O chefe humanitário revelou que mais de 2,5 mil civis foram mortos ou ficaram feridos. Cerca de 300 mil pessoas fugiram de suas casas recentemente, o número de deslocados subiu para 4,3 milhões desde 2015.
Além de agradecer a ajuda dos países com fundos, ele destacou que o acesso às populações vulneráveis também tem sido um desafio para os funcionários das Nações Unidas. Dois deles seguem presos desde novembro de 2021.
Griffiths terminou sua participação pedindo que o mundo não abandone o Iêmen. Ele afirmou que a ONU e seus membros devem continuar atuando para ajudar milhões de iemenitas que precisam.