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Em primeiro aniversário de conflito na Líbia, missão da ONU pede cessar-fogo e unidade para combater covid-19 BR

Escolas afetadas pelo conflito
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Escolas afetadas pelo conflito

Em primeiro aniversário de conflito na Líbia, missão da ONU pede cessar-fogo e unidade para combater covid-19

Paz e segurança

Mais de 749 mil pessoas vivem em áreas afetadas pelos confrontos e cerca de 893 mil pessoas precisem de assistência humanitária; apesar dos compromissos da comunidade internacional, embargo de armas continua sendo desrespeitado. 

 Este sábado, 4 de abril, marca um ano desde que as forças do comandante geral do Exército Nacional da Líbia, Khalifa Haftar, lançaram uma ofensiva para capturar Trípoli, capital do país.

Para marcar a data, a missão da ONU, Unsmil, publicou uma nota dizendo que “o resultado foi um conflito desnecessário que destruiu as esperanças de muitos líbios de uma transição política pacífica.”

Enviado do secretário-geral da ONU à Líbia, Ghassan Salamé, fala ao Conselho de Segurança.
Enviado do secretário-geral da ONU à Líbia, Ghassan Salamé, fala ao Conselho de Segurança. , by Foto ONU/Manuel Elias

Conflito

Segundo a Unsmil, isso poderia ter acontecido “através de uma Conferência Nacional que poderia ter aberto o caminho para unificar as instituições há muito divididas do país por meio de eleições parlamentares e presidenciais.”

Desde o ano passado, o conflito se transformou em uma guerra “perigosa e potencialmente interminável, alimentada por potências estrangeiras cínicas que agora se expandiram geograficamente com civis pagando o preço mais alto.”

Crise

A situação humanitária deteriorou-se para níveis nunca vistos no país.

Entre 1 de abril de 2019 e 31 de março de 2020, a Unsmil documentou pelo menos 685 vítimas civis, incluindo 356 mortes e 329 feridos. Cerca de 149 mil pessoas em Trípoli e nos arredores foram forçadas a deixar suas casas e quase 345 mil moradores continuam na linha de frente.

Neste momento, mais de 749 mil pessoas vive em áreas afetadas pelos confrontos. Estima-se que cerca de 893 mil pessoas precisem de assistência humanitária.

A guerra também teve um impacto terrível em termos de danos e destruição de casas, hospitais, escolas e instalações de detenção. As violações de direitos humanos aumentaram exponencialmente com ataques contra defensores e jornalistas de direitos humanos, médicos, advogados e juízes, migrantes e refugiados, e deterioração das condições de detenção.

No ano passado, a Unsmil recebeu relatos crescentes de centenas de casos de detenção arbitrária, desaparecimento forçado, tortura e execuções extrajudiciais de grupos armados, conduzidas com total impunidade.

Economia

A guerra de um ano também afetou pesadamente uma economia já em dificuldades.

Embora rica em recursos naturais, a Líbia agora está fortemente endividada com mais de 100 bilhões de Dinar líbio em dívidas. O bloqueio do petróleo imposto em 17 de janeiro já resultou em perdas financeiras superiores a US$ 4 bilhões.

O conflito também exacerbou as divisões institucionais e desviou os gastos para o esforço de guerra, em vez de construir uma infraestrutura crítica muito necessária. 

Segundo a missão da ONU, “o influxo de combatentes estrangeiros e sistemas avançados de armas no país continua inabalável” e “o seu uso no campo de batalha levou diretamente a uma intensificação do conflito.”

Apesar dos compromissos assumidos por todos os participantes da Conferência de Berlim, alguns desses países continuaram a reabastecer descaradamente um ou outro lado do conflito, em flagrante desrespeito ao embargo de armas.