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Guterres com esperança de que “ainda seja possível evitar confronto sangrento” na Líbia

António Guterres na capital da Líbia, Tripoli
ONU/Mohammed Omar Omar
António Guterres na capital da Líbia, Tripoli

Guterres com esperança de que “ainda seja possível evitar confronto sangrento” na Líbia

Paz e segurança

Secretário-geral visitou o país para evitar confrontos militares; depois de encontros com vários representantes, chefe da ONU afirmou que saía do país “com uma preocupação profunda e um coração pesado.”

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse esta sexta-feira que “sai da Líbia com uma preocupação profunda e um coração pesado.”

O chefe da ONU esteve esta sexta-feira na segunda cidade da Líbia, Bengazi, para ajudar a evitar confrontos militares entre forças leais ao governo, reconhecido pela comunidade internacional, e as forças leais ao general Khalifa Haftar.

Escalada

Em Bengazi, Guterres teve um encontro com o general Haftar, que lidera o Exército Nacional da Líbia, e controla grande parte do leste do país através de uma administração paralela.

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De acordo com agências de notícias, as forças do general estão avançando para o sul e para o oeste há várias semanas, e na quinta-feira estavam a cerca de 80 quilômetros ao sul da capital, Tripoli.

No final do encontro com o general, antes de partir para a Jordânia, Guterres afirmou que “as Nações Unidas continuam disponíveis para facilitar qualquer solução política capaz de unificar as instituições líbias.”

O secretário-geral disse ainda que “aconteça o que acontecer, a ONU continua comprometida, e continuará comprometida, em apoiar o povo líbio.” Guterres concluiu a mensagem dizendo que “os líbios merecem paz, segurança, prosperidade e respeito pelos seus direitos humanos.”

Na sexta-feira à tarde, o Conselho de Segurança deve ser informado, a portas fechadas, sobre a situação no país pelo chefe da Missão da ONU na Líbia, Unsmil. Ghassan Salamé também é representante especial do secretário-geral para o país.

Autoridades

Assim que chegou à Libia, em mensagem publicada no Twitter, Guterres disse que "não há solução militar para a crise na Líbia, apenas uma solução política".

Ao desembarcar no país, na quarta-feira, o chefe da ONU expressou seu total empenho “em apoiar um processo político liderado pela Líbia que conduza à paz, à estabilidade, à democracia e à prosperidade para o povo”.
Ao desembarcar no país, na quarta-feira, o chefe da ONU expressou seu total empenho “em apoiar um processo político liderado pela Líbia que conduza à paz, à estabilidade, à democracia e à prosperidade para o povo”., by Foto: Mohamed Alalem

O chefe da ONU reuniu depois com o primeiro-ministro Fayez Sarraj, o chefe do Alto Conselho de Estado, Khaled Meshri, e representantes da sociedade civil.

Falando aos jornalistas no final do encontro, Guterres disse que "é essencial uma solução política para a Líbia, e da Líbia, para resolver anos de instabilidade e insegurança."

Conferência

A ONU apoia a realização de uma Conferência Nacional que deve acontecer ainda em 2019.  A organização espera que o encontro possa terminar com os anos de turbulência que se seguiram ao afastamento e morte do antigo governante Muammar Kaddafi, em 2011.

O secretário-geral afirmou que os líbios “sofreram demais e merecem viver em um país normal, com instituições políticas normais, e com paz, segurança e prosperidade.”

Guterres afirmou ainda que “a ONU não tem agenda nem interesses em relação à Líbia.” A organização apenas pretende “o bem-estar do povo líbio, a paz no país e a possibilidade de viver em uma democracia normal e aproveitar a enorme riqueza do país para beneficiar seus cidadãos”.

O chefe das Nações Unidas acrescentou que “não é por intervenção estrangeira que se resolvem os problemas de qualquer país, e é importante que esse princípio também se aplique à Líbia.”

Centro de detenção

Na quinta-feira, Guterres também visitou o Centro de Detenção em Trípoli.

No final da visita, disse que estava "profundamente chocado e comovido com o sofrimento e o desespero" que viu no local, "onde os migrantes e refugiados estão detidos por tempo ilimitado e sem qualquer esperança de recuperar as suas vidas."

O secretário-geral acrescentou que esta situação “não é, obviamente, apenas uma responsabilidade pela Líbia, é uma responsabilidade de toda a comunidade internacional.”

Destaque ONU News Especial - Situação humanitária na Líbia