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OMS revela que 3,7 bilhões de pessoas estão mais protegidas contra gordura trans

Gordura trans pode ser encontrado em bolos, biscoitos, alimentos processados e óleos de cozinha
© OMS/Sergey Volkov
Gordura trans pode ser encontrado em bolos, biscoitos, alimentos processados e óleos de cozinha

OMS revela que 3,7 bilhões de pessoas estão mais protegidas contra gordura trans

Saúde

Relatório da agência de saúde da ONU sobre eliminação global da gordura trans ilustra progresso mais recente; embora a meta de eliminar totalmente o ingrediente até 2023 não tenha sido alcançada, avanços significativos foram feitos; mais de 4 bilhões de pessoas ainda estão desprotegidas, principalmente na África e no Pacífico Ocidental.

A OMS publicou um novo relatório de marcos sobre o progresso da eliminação global da gordura trans, abrangendo o período de 2018 a 2023. Em 2023, 53 países tinham políticas em vigor para combater a gordura trans industrial nos alimentos. 

Essas medidas melhoraram muito o ambiente alimentar de 3,7 bilhões de pessoas, ou 46% da população mundial, e podem ajudar a salvar aproximadamente 183 mil vidas por ano. Esse é um progresso significativo em comparação com apenas 6% de cobertura, ou menos de meio bilhão de pessoas, em 2018. 

A gordura trans produzida industrialmente é comumente encontrada em alimentos embalados, produtos de panificação, óleos de cozinha e massas
© Unsplash/Viktor Forgacs
A gordura trans produzida industrialmente é comumente encontrada em alimentos embalados, produtos de panificação, óleos de cozinha e massas

Eliminação da gordura trans

Embora a meta ambiciosa estabelecida pela OMS em 2018 para eliminar totalmente a gordura trans do suprimento global de alimentos até o final de 2023 não tenha sido totalmente atingida, houve um progresso notável em direção a essa meta em todas as regiões do mundo. 

Somente em 2023, novas políticas de melhores práticas entraram em vigor em sete países: Egito, México, Nigéria, Macedônia do Norte, Filipinas, Moldávia e Ucrânia. 

Em janeiro de 2024, a OMS certificou cinco países por validarem o progresso na eliminação da gordura trans produzida industrialmente: Dinamarca, Lituânia, Polônia, Arábia Saudita e Tailândia.

4 bilhões desprotegidos

O diretor do Departamento de Nutrição e Segurança Alimentar da OMS, Francesco Branca, afirmou que além de aprovar as políticas de melhores práticas de gordura trans recomendadas, garantir que a conformidade com essas políticas seja monitorada e aplicada será fundamental para alcançar os benefícios de saúde maximizados e sustentados da eliminação da gordura trans.

Para ele, a eliminação da gordura trans é alcançável, acessível e salva vidas. No entanto, apesar das tendências promissoras, o progresso tem sido desigual, e mais de 4 bilhões de pessoas continuam desprotegidas desse produto químico tóxico em todo o mundo, com a maior carga restante concentrada nas regiões da África e do Pacífico Ocidental da OMS. A implementação de políticas de melhores práticas em apenas mais oito países eliminaria 90% das mortes globais associadas ao ingrediente. 

Segundo a OMS, 500 mil morrem por ano de doenças cardiovasculares causadas pelo consumo de gorduras trans
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Segundo a OMS, 500 mil morrem por ano de doenças cardiovasculares causadas pelo consumo de gorduras trans

Recomendações 

O novo relatório resume as ações dos países para banir a gordura trans produzida industrialmente e faz recomendações para alcançar a eliminação global da gordura trans.

Entre as medidas, a OMS aponta que todos os países devem adotar políticas de melhores práticas, especialmente aqueles com a maior carga de doença remanescente estimada atribuível à ingestão de gordura trans.

A agência da ONU recomenda que os países fortaleçam seus mecanismos de monitoramento e aplicação de políticas de melhores práticas para que se tornem elegíveis para o Certificado de Validação da OMS.

Além disso, aponta que os órgãos sub-regionais aprovem políticas obrigatórias de eliminação da gordura trans e fabricantes de alimentos com uma alta proporção de gorduras e óleos cumpram as regulamentações para aumentar o uso de gorduras alternativas mais saudáveis. 

Mesmo quando as regulamentações ainda não estão em vigor, as empresas devem procurar eliminar a gordura trans nas linhas de produtos e nas cadeias de suprimentos.