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Países em desenvolvimento necessitam de US$ 500 bilhões anuais para alcançar ODS

O Pavilhão ODS na Sede da ONU foi concebido como um “espaço único de reunião e instalação artística”.
UN Photo/Mark Garten
O Pavilhão ODS na Sede da ONU foi concebido como um “espaço único de reunião e instalação artística”.

Países em desenvolvimento necessitam de US$ 500 bilhões anuais para alcançar ODS

Desenvolvimento econômico

Chefe da ONU, António Guterres, destacou valor na abertura do 8º Fórum Mundial de Investimentos da Unctad; evento tem foco nos desafios de investimento enfrentados por nações emergentes.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pede aos setores público e privado que forneçam US$500 bilhões por ano em financiamento acessível e de longo prazo para países em desenvolvimento.

Em comunicado enviado para a abertura do 8º Fórum Mundial de Investimentos da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, ele pediu apoio para efetivar o Pacote de Estímulo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS.

ONU diz que o progresso em metade de todas as metas dos ODS é fraco e insuficiente.
UN Photo/Loey Felipe
ONU diz que o progresso em metade de todas as metas dos ODS é fraco e insuficiente.

Estímulo para ODS

O evento de líderes globais começou nesta segunda-feira, em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, debate ações futuras e tem como foco os desafios de investimento enfrentados pelos países em desenvolvimento do mundo diante das crises globais.

O chefe da ONU também pediu aos governos que estabeleçam um preço justo para o carbono e às empresas que implementem planos críveis de emissões líquidas zero, alinhando-se com as recomendações do Grupo de Alto Nível de Especialistas sobre Compromissos de Emissões Líquidas Zero de Entidades Não Estatais.

Com o tema “Investindo no Desenvolvimento Sustentável”, o fórum se alinha estrategicamente com as próximas conversas globais sobre mudanças climáticas na COP28. 

Uma trilha dedicada dentro do fórum se concentrará no avanço de financiamento e investimento climático, fornecendo uma plataforma crucial para os formuladores de políticas encontrarem soluções e apoiarem as negociações climáticas globais.

Líderes globais enfrentam a lacuna de financiamento

A cúpula abordou a lacuna de investimento de US$ 4 trilhões dos ODS, uma vez que apenas 15% dos objetivos estão a caminho de serem atingidos até 2030, com a falta de investimento no mundo em desenvolvimento crescendo de US$ 2,5 trilhões por ano em 2015 para os atuais US$ 4 trilhões.

No entanto, a secretária-geral da Unctad, Rebeca Grynspan, destacou que não estão sendo canalizados fundos suficientes para novas usinas de energia renovável, instalações de água e saneamento, projetos agrícolas, hospitais. 

Segundo ela, apenas 5% de todos os fundos sustentáveis estão localizados em países em desenvolvimento. A chefe da agência da ONU explica que os financiamentos existem, “mas a alocação tem sido equivocada”.

A discussão ainda enfatizou a necessidade fundamental de coordenação internacional, dada a escala das necessidades de investimento e finanças mistas envolvendo setores público e privado, incluindo novos atores, como fundos soberanos.

O fórum destacou setores críticos, como a transição justa de energia e perspectivas de países como Indonésia, África do Sul e Vietnã.

Uma visão do Momento dos ODSs 2022 na sede das Nações Unidas em Nova York.
ONU/Mark Garten
Uma visão do Momento dos ODSs 2022 na sede das Nações Unidas em Nova York.

Necessidade urgente de investir no setor agroalimentar

Em meio a crise das cadeias de abastecimento globais devido à pandemia de Covid-19 e ao conflito na Ucrânia, a Unctad e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, destacaram o papel dos sistemas agroalimentares.

Outras áreas de atenção incluem o combate à desnutrição global, à pobreza, a perda de biodiversidade, os serviços ecossistêmicos e as mudanças climáticas.

O diretor-geral da FAO, Dongyu Qu, afirmou que a transformação dos sistemas agroalimentares custará US$ 680 bilhões anualmente entre agora e 2030 nos países de baixa e média renda.

Por isso, ele defende que haja prioridade em atrair investimentos eficientes do setor público e privado nos sistemas agroalimentares para reduzir a insegurança alimentar e fomentar o emprego rural, especialmente para mulheres e jovens.

O chefe da FAO avalia que canalizar investimentos em finanças sustentáveis nos mercados de capitais globais para a produção de alimentos onde mais são necessários exigirá lidar com os desafios de risco, capacidade institucional, promoção de investimentos e facilidade de fazer negócios.