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ONU quer maior protagonismo de indígenas contra tripla crise planetária

Uma indígena guarani da Comunidade Tentaguasu do Chaco boliviano tecendo com folhas de palmeira.
WFP Bolivia/Ananí Chavez
Uma indígena guarani da Comunidade Tentaguasu do Chaco boliviano tecendo com folhas de palmeira.

ONU quer maior protagonismo de indígenas contra tripla crise planetária

Direitos humanos

Chefe de Direitos Humanos diz que esses povos perfazem mais de 18% dos mais pobres do mundo; Genebra acolhe reunião de especialistas sobre os direitos do grupo. 

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos declarou que mesmo os povos indígenas estando entre os primeiros e os mais afetados pela crise do clima, eles sobrevivem e prosperam com a resiliência que resulta de gerações de sabedoria. 

 

Para Volker Turk esta é a hora de os indígenas tomarem protagonismo como parceiros indispensáveis para resolver a tripla crise do clima extremo, da perda de biodiversidade e dos recursos naturais, além dos danos aos direitos humanos. 

 

Habilidades das mulheres indígenas 

 

O chefe de Direitos Humanos discursou na 16ª Sessão do Mecanismo de Peritos em Direitos dos Povos Indígenas. 

 

Lutana Ribeiro é a única mulher cacique do Parque das Tribos, bairro indígena de Manaus, capital do estado do Amazonas.
Unfpa Brazil/Isabela Martel
Lutana Ribeiro é a única mulher cacique do Parque das Tribos, bairro indígena de Manaus, capital do estado do Amazonas.

 

O mundo tem 476 milhões de membros dos povos indígenas, o equivalente a 6,2% da população global. Mas devido à discriminação, exclusão, expropriação e exploração, eles totalizam 18,2% dos pobres, destacou o discurso. 

 

Volker Turk ressaltou questões como prosperidade e o progresso em tradições e habilidades de mulheres indígenas a quem chamou de “depositárias e professoras de sabedoria”. 

 

Fragilização devido à terra e seus recursos 

 

Como outra característica marcante do grupo, ele apontou a grande probabilidade delas de “carregar e sustentar a cadeia da cultura entre as gerações passadas e as comunidades e famílias de hoje”. 

 

Indígenas da etnia Yanomami, em acampamento em Brasília.
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Indígenas da etnia Yanomami, em acampamento em Brasília.

 

No contexto da crise global de mudanças climáticas, o alto comissário ressaltou os efeitos da distribuição desigual de recursos prejudicando os indígenas. Turk fala de indígenas, muitas vezes, lançados em situações frágeis, apesar ou por causa de seus laços estreitos com a terra e com seus recursos. 

 

Marginalização de mulheres indígenas 

 

No caso de mulheres, elas sofrem com as relações especiais com o meio ambiente e o maior nível de marginalização que enfrentam pelo fato de serem mulheres e indígenas.  

 

Em sua visão, elas “são desproporcionalmente atingidas pelos danos climáticos e pelo desenvolvimento, sem princípios, dos megaprojetos.” 

 

Para o chefe de Direitos Humanos, há uma necessidade de que os indígenas sejam completamente incluídos em todas as conversas nacionais, regionais e globais. 

 

Turk defende que essa inclusão e participação devem, desde já, acontecer de uma forma plena, livre e segura. Ele incentivou os países a terem mais atuação, indo além das atuais discussões para proteger os direitos indígenas.