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Relatora da ONU pede proteção efetiva às vítimas do tráfico na Colômbia

Insegurança continua no departamento de Cauca, no sudoeste da Colômbia, onde a cafeicultura é uma indústria importante.
© CIAT/Neil Palmer
Insegurança continua no departamento de Cauca, no sudoeste da Colômbia, onde a cafeicultura é uma indústria importante.

Relatora da ONU pede proteção efetiva às vítimas do tráfico na Colômbia

Migrantes e refugiados

Siobhán Mullally avalia que segurança é necessária especialmente em áreas rurais; mulheres, crianças e refugiados são os mais vulneráveis; especialista pede compromisso de autoridades colombianas para prevenir, assistir e proteger vítimas.

O tráfico de pessoas, especialmente crianças, por grupos armados não estatais e organizações criminosas continua prejudicando a consolidação da paz na Colômbia, alerta uma relatora da ONU.

Siobhán Mullally ressalta que o tráfico de pessoas é uma grave violação dos direitos humanos, do direito humanitário internacional e um crime que prejudica a construção da paz, o desenvolvimento sustentável e a justiça social.

Compromissos para avançar na proteção de direitos

A especialista elogiou o compromisso do governo em proteger os direitos das vítimas e combater a impunidade, mas disse que as iniciativas devem ser implementadas na prática em toda a Colômbia, principalmente nas áreas rurais.

Mulheres e meninas, em particular, estão expostas ao tráfico para fins de exploração sexual por grupos armados e redes criminosas
ART/Sergio Fabián Garzón Clavijo
Mulheres e meninas, em particular, estão expostas ao tráfico para fins de exploração sexual por grupos armados e redes criminosas

Ela pediu que as autoridades incluam a questão do tráfico de pessoas na política de paz do país. Mullaly explica que o tráfico de pessoas é cometido por grupos armados não estatais e organizações criminosas para apoiar suas atividades e controlar comunidades.

Segundo a relatora, isso afeta especialmente comunidades afro-colombianas e rurais, povos indígenas e migrantes venezuelanos.

Paz na Colômbia

Assim, ela afirma que é imperativo que a questão faça parte das discussões da Política de Paz da Colômbia e que o capítulo étnico do Acordo Final seja implementado e fortalecido para prevenir o tráfico, assistir e proteger as vítimas, desenvolver programas centrados e liderados por sobreviventes e medidas para combater a impunidade.

Para a relatora, o compromisso com uma reforma rural abrangente e com a promoção dos direitos das mulheres e comunidades rurais é essencial para a prevenção do tráfico de pessoas.

Impacto nas crianças e mulheres

Mullaly explica que as crianças são as mais afetadas e um aumento no recrutamento e uso de crianças por grupos armados nos últimos anos é uma preocupação séria.

Ela recomenda que o governo avance urgentemente com medidas para prevenir o recrutamento e uso de todas as crianças menores de 18 anos, especialmente em áreas de conflito.

Mulheres e meninas, em particular, estão expostas ao tráfico para fins de exploração sexual por grupos armados e redes criminosas, disse Mullally.

Proteção a refugiados

Ela elogiou as autoridades colombianas pelo Status de Proteção Temporária concedido aos venezuelanos, já que mais de 1 milhão dos que cruzaram a fronteira foram para a Colômbia.

A relatora pede ao governo que resolva atrasos no acesso à documentação e na garantia do status de proteção, especialmente por parte dos migrantes em áreas remotas.

Sendo a Colômbia um país de trânsito para migrantes, Mullally pediu às autoridades que prestem atenção especial às crianças desacompanhadas, especialmente nas áreas de fronteira onde sua exposição a riscos de tráfico é aguda e os serviços são limitados.