Perspectiva Global Reportagens Humanas

Mais de 300 mil crianças venezuelanas precisam de assistência humanitária na Colômbia BR

Atualmente, mais de 130 mil crianças venezuelanas estão matriculadas em escolas na Colômbia.
Foto: Unicef/UN0304588/Arcos
Atualmente, mais de 130 mil crianças venezuelanas estão matriculadas em escolas na Colômbia.

Mais de 300 mil crianças venezuelanas precisam de assistência humanitária na Colômbia

Migrantes e refugiados

Segundo Fundo das Nações Unidas para a Infância, sem aumento de apoio, saúde, educação e proteção o bem-estar das crianças estará em perigo; Colômbia abriga cerca de 1,2 milhão de venezuelanos.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, alerta que sem um aumento no apoio à saúde, educação, proteção e bem-estar pelo menos 327 mil crianças venezuelanas vivendo na Colômbia estarão em perigo.

A diretora de comunicação da agência, Paloma Escudero, encerrou uma visita de quatro dias a Cúcuta, cidade colombiana que fica na fronteira com a Venezuela. Ela disse que “na medida em que mais famílias tomam todos os dias a dolorosa decisão de deixar suas casas na Venezuela, é hora de a comunidade internacional aumentar seu apoio e ajudar a atender suas necessidades básicas.”

Criança espera na fila para o almoço em um campo de futebol em Cúcuta, Colômbia, perto da fronteira com a Venezuela, onde vive com sua mãe e irmã.
Foto: Unicef/UN0304583/Arcos
Criança espera na fila para o almoço em um campo de futebol em Cúcuta, Colômbia, perto da fronteira com a Venezuela, onde vive com sua mãe e irmã.

Generosidade

Escudero enfatizou que é importante não deixar “essa generosidade se desgastar”. Ela lembrou que em “um momento em que o sentimento contra a migração está crescendo no mundo, a Colômbia generosamente abriu as portas para seus vizinhos da Venezuela.”

O Unicef destaca que por causa da situação econômica e política no país, a estimativa é de que 3,7 milhões de venezuelanos tenham deixado suas casas e ido para o Brasil, a Colômbia, o Peru e outros países da região. Cerca de 1,2 milhão deles estão na Colômbia, muitas vezes vivendo em comunidades anfitriãs vulneráveis, com recursos já sobrecarregados.

Fronteira

Durante a visita, Escudero foi até à ponte Simon Bolivar, que fica entre a Colômbia e a Venezuela. Ela teve a oportunidade de falar com famílias que cruzam a fronteira todos os dias à procura de serviços de saúde, para levar as crianças na escola e obter alimentos e produtos essências.

Escudero contou que conheceu “uma mãe que tem epilepsia e está grávida de oito meses” e que “precisava ir à Colômbia para fazer exames pré-natal e proteger sua saúde e a do bebê”. 

Educação

A Colômbia oferece educação gratuita para crianças migrantes da Venezuela. Atualmente, mais de 130 mil crianças venezuelanas estão matriculadas em escolas do país.

Quase 10 mil destes estudantes estão em Cúcuta e cerca de 3 mil deles saem todos os dias da Venezuela para irem à escola. Escudero aponta que “a situação muito séria na Venezuela deixou muitos pais sem escolha a não ser buscar oportunidades de educação para seus filhos do outro lado da fronteira”.

O Unicef trabalha em estreita colaboração com outras agências humanitárias, autoridades nacionais e locais, organizações não-governamentais e comunidades na Colômbia para fornecer saúde, nutrição, educação e proteção às crianças migrantes, assim como às crianças das comunidades de acolhimento.

Objetivos do Unicef para este ano:

  • Ajudar a vacinar mais de 30 mil crianças;
  •  Fornecer água, saneamento básico e serviços de higiene em escolas para 13 mil crianças;
  •  Fornecer oportunidades de aprendizagem formal e informar 40 mil crianças;
  • Ajudar 15 mil mães que estão amamentando com micronutrientes;
  • Atingir 90 mil crianças e adolescentes com ações para prevenir e lidar com a violência, abuso e exploração, incluindo violência com base em gênero e prevenção de recrutamento infantil.

Ações

As ações incluem o apoio às equipes de saúde móveis, a criação de espaços adequados para crianças para apoio psicossocial e prevenção da violência, o fornecimento de água potável e saneamento, a promoção de práticas de higiene, a criação de espaços de aprendizagem, a distribuição de material escolar, o treinamento de professores e apoio nutricional.

O Unicef precisa de US$ 29 milhões para apoiar as necessidades básicas dessas famílias. Até o momento, a agência arrecadou apenas US$ 5,7 milhões.