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Ciclone em Mianmar pode gerar “um cenário de pesadelo”, diz ONU

 Imagens de satélite do ciclone Mocha na sexta-feira
Noaa/NASA
Imagens de satélite do ciclone Mocha na sexta-feira

Ciclone em Mianmar pode gerar “um cenário de pesadelo”, diz ONU

Clima e Meio Ambiente

Ventos de até 210km/h devem atingir estados onde 6 milhões de pessoas já passam por necessidades humanitárias; campos de refugiados em Bangladesh também serão impactados; esforços de preparação e prontidão estão em curso, mas financiamento é insuficiente.

As Nações Unidas e seus parceiros humanitários estão de prontidão para ofertar assistência emergencial e salvar vidas em comunidades impactadas pelo ciclone Mocha, que deve atingir o estado de Rakhine, em Mianmar, ainda hoje.

Segundo o coordenador residente e humanitário da ONU em Mianmar, Ramanathan Balakrishnan, o ciclone será "extremamente severo”, com ventos de até 210 km/h quando cruzar a costa.

Uma mulher segura seu filho de seis meses na frente de sua pequena casa improvisada em Yangon, Mianmar
UNICEF/Nyan Zay Htet
Uma mulher segura seu filho de seis meses na frente de sua pequena casa improvisada em Yangon, Mianmar

Alto risco de deslizamentos e alagamentos

A previsão é de que o ciclone traga ventos fortes e tempestades para as áreas costeiras de Rakhine. As autoridades locais já iniciaram ações de evacuação. O fenômeno natural deve se deslocar para o interior, causando chuva forte em áreas onde há alto risco de deslizamentos e alagamentos.

Estima-se que 6 milhões de pessoas já estão em necessidade humanitária nos estados de Rakhine, Chin, Magway e Sagaing, onde os impactos do ciclone são esperados.

Juntos, esses estados no oeste do país abrigam 1,2 milhão de deslocados. Muitos deles estão fugindo de conflitos e vivem a céu aberto sem abrigo adequado.

As centenas de milhares de pessoas que vivem em campos de refugiados em Bangladesh também estão sob alto risco. O país vizinho deve enfrentar ventos e chuvas fortes quando o ciclone passar sobre a fronteira em Mianmar.

Balakrishnan disse que o impacto de um ciclone em uma área onde já existe uma necessidade humanitária tão profunda é “um cenário de pesadelo”. Milhares de pessoas vulneráveis, “cuja capacidade de enfrentamento foi corroída por sucessivas crises", podem ser impactadas.

Funcionários preparam galões para distribuição no depósito do Unicef em Cox's Bazar antes do ciclone Mocha, que deve atingir o continente em 14 de maio
Unicef/Rashad Wajahat Lateef
Funcionários preparam galões para distribuição no depósito do Unicef em Cox's Bazar antes do ciclone Mocha, que deve atingir o continente em 14 de maio

Plano de resposta

A comunidade humanitária ativou seu Plano de Preparação para Resposta a Emergências no início da semana.  

As organizações do setor estão focadas em levar assistência humanitária às áreas com maior probabilidade de impacto. As ações também visam garantir que as comunidades afetadas saibam como se manter seguras.

De acordo com o coordenador humanitário no país todos os esforços de preparação foram realizados, "pré-posicionando pessoal e estoques disponíveis em toda a área afetada”. O objetivo é que haja uma reação imediata logo após a passagem do ciclone.

Ele disse ainda que “o acesso às pessoas afetadas e o aumento do financiamento serão fundamentais para tornar essa assistência possível nos dias críticos que virão".

Falta de financiamento

O Plano de Resposta Humanitária de Mianmar alcançou apenas10% do financiamento necessário, com alguns setores essenciais ainda sem nenhum recurso este ano. N’

Balakrishnan disse que é urgente o aumento de financiamento para garantir “que ninguém fique para trás como resultado deste ciclone”.

Ele destacou ainda que o financiamento é essencial para continuar respondendo às necessidades de17,6 milhões de pessoas que já precisam de auxílio como resultado de outras crises em todo o país.