Perspectiva Global Reportagens Humanas

ONU marca Dia Internacional de Combate à Islamofobia pela primeira vez

Pombas da paz voam no terreno da histórica mesquita Hazrat-i-Ali, na cidade de Mazar-i-Sharif, no Afeganistão
ONU/Helena Mulkerns
Pombas da paz voam no terreno da histórica mesquita Hazrat-i-Ali, na cidade de Mazar-i-Sharif, no Afeganistão

ONU marca Dia Internacional de Combate à Islamofobia pela primeira vez

Assuntos da ONU

As Nações Unidas celebram a data com evento especial na Assembleia Geral; participantes defendem necessidade de ações concretas diante do aumento do ódio, discriminação e violência contra os muçulmanos.

A Assembleia Geral recebeu um evento de alto nível para comemorar o primeiro Dia Internacional contra a Islamofobia, nesta sexta-feira.

A data, oficialmente celebrada no dia 15 de março, foi adotada de forma unânime na Assembleia Geral em março do ano passado. A resolução pede diálogo global para promover tolerância, paz e respeito pelos direitos humanos e pela diversidade religiosa.

O secretário-geral António Guterres discursa no evento de alto nível da Assembleia Geral da ONU para comemorar o Dia Internacional de Combate à Islamofobia
ONU/Loey Felipe

“O veneno da islamofobia”

No evento, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que os quase 2 bilhões de muçulmanos em todo o mundo, que vêm de todos os cantos do planeta, “refletem a humanidade em toda a sua magnífica diversidade”.

No entanto, muitas vezes enfrentam fanatismo e preconceito simplesmente por causa de sua fé. Além disso, ele acrescentou que a islamofobia muitas vezes é somada a questão de gênero, impondo às mulheres mulçumanas a três tipos de discriminação: gênero, etnia e fé.

O chefe da ONU, António Guterres, chamou a islamofobia de veneno e avaliou que o ódio crescente que os muçulmanos enfrentam não é um desenvolvimento isolado.

Para ele, isso faz parte do ressurgimento de ideologias neonazistas da supremacia branca e da violência contra populações vulneráveis, incluindo muçulmanos, judeus, comunidades cristãs minoritárias e outras.

Plano de Ação

Guterres afirmou que a discriminação diminui a todos e fez um chamado para que as pessoas se posicionem contra e não aceitem ser “espectadores do fanatismo”. Ele destacou medidas da ONU, como um Plano de Ação para Proteger Locais Religiosos.

Ele também pediu o aumento dos investimentos políticos, culturais e econômicos na coesão social.

O secretário-geral também afirmou que o ódio na internet deve ser confrontado. Para esse fim, a ONU está trabalhando com governos, reguladores, empresas de tecnologia e a mídia “para estabelecer barreiras e aplicá-las”.

Cúpula de uma mesquita no Paquistão ao nascer do sol
Unsplash/Abuzar Xheikh
Cúpula de uma mesquita no Paquistão ao nascer do sol

Compaixão e solidariedade

Outras políticas já lançadas incluem uma Estratégia e Plano de Ação contra o Discurso de Ódio e o relatório Nossa Agenda Comum, que descreve uma estrutura para um “futuro digital” mais inclusivo e seguro para todas as pessoas.

O secretário-geral também expressou gratidão aos líderes religiosos de todo o mundo que se uniram para promover o diálogo e a harmonia inter-religiosa.

Ele descreveu a declaração de 2019 sobre Fraternidade Humana para a Paz Mundial e a Convivência, que possui a coautoria do papa Francisco e grande Imã de Al-Azhar Sheikh Ahmed El Tayeb, como “um modelo de compaixão e solidariedade humana”.

Desafiar intolerância religiosa

O presidente da Assembleia Geral da ONU, Csaba Korosi, observou que a islamofobia está enraizada na xenofobia, ou medo de estranhos, que se reflete em práticas discriminatórias, proibições de viagens, discurso de ódio, intimidação e direcionamento de outras pessoas.

Ele pediu aos países que defendam a liberdade de religião ou crença, garantida pelo Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos.

Para Korosi, todos carregam a responsabilidade de desafiar a islamofobia ou qualquer fenômeno semelhante, denunciar a injustiça e condenar a discriminação baseada em religião, crença ou a falta delas.

Ele disse que a educação é fundamental para aprender porque esses medos existem e podem ser transformadores da realidade de como as pessoas se entendem.