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Roubo de combustível coloca operações de ajuda humanitária em risco no Tigray BR

Comboio de caminhões do PMA entregando alimentos e suprimentos nutricionais em Tigray, Etiópia
PMA Etiópia
Comboio de caminhões do PMA entregando alimentos e suprimentos nutricionais em Tigray, Etiópia

Roubo de combustível coloca operações de ajuda humanitária em risco no Tigray

Ajuda humanitária

Programa Mundial de Alimentos afirma que desfalque de meio milhão de toneladas de combustível impossibilita continuidade do trabalho; segundo dados da ONU, dois milhões de litros são necessários por mês para garantir que mantimentos sejam entregues na região etíope.

O Programa Mundial de Alimentos, PMA, afirma que o roubo de mais de meio milhão de toneladas de combustível na região de Tigray, na Etiópia, impossibilita a continuação das operações que apoiam milhões de pessoas.

Segundo as informações da agência, homens armados entraram no complexo do PMA na capital regional, Mekelle, na quarta-feira e apreenderam 12 caminhões-tanque cheios, que haviam chegado apenas alguns dias antes.

Uma família deslocada que vive em um assentamento no distrito de Asgede, em Tigray, recebe assistência alimentar do PMA
PMA/Claire Nevill
Uma família deslocada que vive em um assentamento no distrito de Asgede, em Tigray, recebe assistência alimentar do PMA

Agravamento da fome

O diretor executivo do PMA, David Beasley, emitiu um comunicado condenando o roubo, que ocorreu quando os combates foram retomados entre as forças etíopes e os separatistas após uma trégua humanitária de cinco meses.

O chefe da agência explica que será impossível distribuir alimentos, fertilizantes, medicamentos e outros suprimentos de emergência em Tigray, onde cerca de 5,2 milhões de pessoas enfrentam fome severa. Beasley adiciona que o roubo deixará as comunidades da região, que já lutam com os impactos do conflito, mais perto da fome. O PMA será impedido de abastecer geradores e veículos, essenciais para funcionários e parceiros humanitários que apoiam populações vulneráveis.

Em nota, ele exige que as autoridades do país devolvam os estoques de combustível à comunidade humanitária imediatamente. O representante da agência da ONU explica que como a próxima colheita acontece apenas em outubro, as entregas de alimentos são urgentes para a sobrevivência de milhões de pessoas.

Segundo a agência, a equipe na Etiópia segue trabalhando para obter assistência aos mais necessitados, mas é necessário “combustível, financiamento e movimentação total de suprimentos nas linhas de controle para maximizar as entregas no norte da Etiópia”.

Criança é avaliada em local de distribuição de comida em Tigray, norte da Etiópia.
Foto: © WFP/Claire Nevill
Criança é avaliada em local de distribuição de comida em Tigray, norte da Etiópia.

Dados

Nesta quinta-feira, o porta-voz do secretário-geral da ONU também falou sobre o episódio. Stéphane Dujarric reafirmou que o roubo de combustível em Mekelle coloca em risco as operações humanitárias. Ele citou alguns números para explicar o impacto da perda. Segundo o porta-voz, estima-se que 2 milhões de litros de combustível são necessários todos os meses para garantir a entrega de ajuda.

Antes da chegada dos últimos navios-tanque, cerca de 1,8 milhão de litros foram levados para Tigray desde abril pela única estrada aberta para Mekelle. Com a escassez de alimentos, Dujarric afirmou que a ONU está preocupada com o impacto que isso pode ter nas taxas de desnutrição e insegurança alimentar na região.

Segundo o porta-voz, desde o início de abril, quando os alimentos começaram a chegar pela estrada, e até meados de agosto, mais de 81 mil toneladas de alimentos foram distribuídas para cerca de 4,8 milhões de pessoas. Ele conclui fazendo um apelo a todas as partes para que cumpram suas obrigações sob o Direito Internacional Humanitário e respeitem o pessoal humanitário, atividades e bens.