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Conselho de Segurança debate “situação extremamente perigosa” na Ucrânia BR

Criança em área destruída no leste da Ucrânia
© UNICEF/Ashley Gilbertson V
Criança em área destruída no leste da Ucrânia

Conselho de Segurança debate “situação extremamente perigosa” na Ucrânia

Paz e segurança

Países-membros ressaltaram importância de cumprir acordos e Carta da ONU para alcançar solução pacífica; subsecretária-geral das Nações Unidas para Assuntos Políticos e Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo, reforçou que conflito ameaça segurança europeia; possível violação de cessar-fogo por Rússia preocupa.

Uma sessão do Conselho de Segurança debateu a situação na Ucrânia e as recentes tensões com a Rússia. A reunião foi pedida pela Rússia, que ocupa a presidência do Conselho este mês. 

A subsecretária-geral das Nações Unidas para Assuntos Políticos e Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo, afirmou que a única saída para as tensões na região é a diplomacia. Ela adicionou que a situação atual é “extremamente perigosa”.

Relatos indicam que há mais de 100 mil soldados e armamento pesado da Rússia posicionados ao longo da fronteira com a Ucrânia.
UNICEF/ Ashely Gilbertson V
Relatos indicam que há mais de 100 mil soldados e armamento pesado da Rússia posicionados ao longo da fronteira com a Ucrânia.

Conflito

Ao mencionar o Acordo de Minsk, de 2014, DiCarlo lembrou que é preciso buscar uma negociação e saída pacíficas em respeito ao pacto. 

O acordo nasceu para encerrar um conflito de oito anos entre o Exército ucraniano e separatistas apoiados pela Rússia, no leste do país. Para DiCarlo, as tensões agora são mais preocupantes que em 2014.

Ela alertou para a complexidade da crise atual e fez uma conexão entre o conflito de oito anos no leste da Ucrânia com temas mais amplos, relacionados à segurança europeia.

DiCarlo também mencionou relatos de novas violações do cessar-fogo no leste da Ucrânia durante as últimas horas e disse todas as partes devem exercer moderação.

Rosemary DiCarlo fala ao Conselho de Segurança
Foto: ONU/Loey Felipe
Rosemary DiCarlo fala ao Conselho de Segurança

Questão humanitária

A subsecretária-geral destacou que 2,9 milhões de pessoas são afetadas pelas crises na fronteira da Ucrânia com a Rússia. A maioria vive em áreas não controladas pelo governo no leste da Ucrânia. Mais de 14 mil pessoas morrerem em conflitos nessa área. Para ela, a hipótese de num novo conflito na Ucrânia não deve sequer ser cogitada.

Ao concluir, ela fez um apelo aos membros do Conselho de Segurança afirmando que o mundo está olhando para os mecanismos de segurança coletiva na Europa, mas também para as ações do órgão, para garantir que “as únicas tensões sejam diplomáticas”.

Representantes

Também participaram da sessão os embaixadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, Osce. 

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, também se dirigiu aos Estados-membros e reforçou que os Estados Unidos estão buscando oportunidades de diálogo com representantes russos. Para ele, a Rússia ameaça a paz e segurança da região ao não retirar suas tropas da fronteira.

Já o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Vershinin, afirmou que á a Ucrânia que está violando o acordo de Minsk. Para ele, as tentativas de transferir a responsabilidade para a Rússia e retratar o país como parte do conflito, são “insustentáveis e não têm base”.

O representante da Ucrânia, Sergiy Kyslytsya, lembrou dos conflitos no país há sete anos e declarou que a Rússia não respeita o Acordo de Minsk desde sua ratificação. Ele viu com preocupação o reconhecimento da independência dos territórios Donetsk e Luhansk, avaliando que terá graves consequências para a segurança global. Para o embaixador, a Rússia pode escolher saídas consensuais para essas questões e evitar o agravamento da crise.

Brasil

O vice-chefe da Missão do Brasil na ONU, João Genésio de Almeida Filho, também reforçou a preocupação com a situação no leste da Ucrânia e a necessidade de uma saída pacífica para a situação. 

O Brasil, que retornou ao Conselho em janeiro, pediu diálogo e negociação para uma paz sustentável e defendeu que sejam tomadas as medidas necessárias para reduzir a tensão na região, seguindo o que é previsto no direito internacional e na Carta da ONU.