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ONU investe em comunicação em missões de paz para conter violência a mulheres BR

Para a capitã Márcia Braga, evitar casos de violência física e sexual em áreas de conflito é tarefa de todos
Minusca
Para a capitã Márcia Braga, evitar casos de violência física e sexual em áreas de conflito é tarefa de todos

ONU investe em comunicação em missões de paz para conter violência a mulheres

Paz e segurança

Diálogo com comunidades e patrulhas mistas com boinas-azuis femininos e masculinos ajudam a prevenir agressões; especialista em comunicação estratégica visitou maior missão de paz da ONU no mundo, na República Democrática do Congo, Monusco, liderada por general brasileiro; para ela, diversidade do Brasil é ativo na manutenção da paz.

A comunicação pode ajudar e muito a prevenir a violência a mulheres em áreas de conflito. Com diálogo, informação e aumento da consciência em vários assuntos, a população pode se converter em importante aliados das forças de paz da ONU na construção da paz.

A declaração é da boina-azul brasileira e capitã de fragata da Marinha, Márcia Braga. Após servir na República Centro-Africana e receber um prêmio sobre defensora militar de gênero, por seu trabalho com mulheres africanas, a militar estuda agora como melhorar o diálogo entre capacetes azuis e a população.

Em novembro, ela esteve na maior missão de paz da ONU no mundo, a Monusco, que fica na República Democrática do Congo. Ali, o contingente é comandado pelo general brasileiro Marcos de Sá Affonso da Costa.

ONU investe em comunicação em missões de paz para conter violência a mulheres

Visita

Para a capitã Márcia Braga, evitar casos de violência física e sexual em áreas de conflito é tarefa de todos e deve ser o foco de uma parceria das tropas de paz com os moradores. Ela contou a Eleutério Guevane, da ONU News, o que conseguiu extrair da visita oficial à RD Congo.

“Meu maior objetivo lá foi entender como a comunicação estava sendo implementada. Por conta disso, eu visitei várias localidades. Conversei com comunidades, conversei com nossos soldados nos batalhões, com comandante, com civis, chefes de escritório, enfim. É claro que essa parte da violação contra a mulher faz parte, uma vez que a comunicação tem que ser estabelecida com todos. Então faz parte a comunicação com as mulheres. E também ter no processo com as patrulhas, homens e mulheres comunicando, no sentido mais amplo da comunicação, mas também a preocupação com inclusão das mulheres e das mulheres locais.”

Márcia Braga, que atuou como assessora de proteção e gênero na missão africana, conhece a situação de mulheres, vítimas da violência em conflitos e guerras, de perto
Minusca/Hervé Serefio
Márcia Braga, que atuou como assessora de proteção e gênero na missão africana, conhece a situação de mulheres, vítimas da violência em conflitos e guerras, de perto

Neutralidade

Não raramente, em áreas de conflitos, a violência a mulheres e meninas incluindo estupros, são usadas como armas e táticas de guerra. O enfretamento ao problema geralmente é feito por tropas de paz das Nações Unidas em parceria com autoridades locais. A ONU tem uma política de tolerância zero para abusos e exploração sexuais.

Ao ser perguntada, se elementos culturais e melhor compreensão de forças da ONU pode ajudar no combate à violência contra mulheres, Márcia Braga citou a diversidade do Brasil e a percepção de neutralidade do país no exterior.

“Talvez pela diversidade que nós temos no Brasil, eu acredito que seja um diferencial na hora da compreensão de áreas tão complexas. Em que temos problemas e cada vez mais mandatos diferentes, situações para serem observadas e atendidas. Eu acredito que o Brasil também tem um fator de união. É um país neutro. Não está engajado com conflitos. É um país pacífico. E eu acredito que aproxima porque o brasileiro é muito parecido com o africano no sentido da alegria de viver, da facilidade com a comunicação em buscar maior interação humana. Eu acredito que a bandeira do Brasil faz a diferença neste momento.”

O leste da República Democrática do Congo, a região de Kivu do Norte é considerada uma das mais perigosas do país com casos de ataques, violência a mulheres e meninas, e um intenso combate de facções. 

Um soldado de paz opera um drone durante patrulha na Libéria
Foto: UN Photo/Albert Gonzalez Farran
Um soldado de paz opera um drone durante patrulha na Libéria

Drones

Márcia Braga afirma que o elemento humano é fundamental na prevenção da violência, e cada vez mais a comunicação e a compreensão da realidade local ajudam a montar planos eficientes de combate aos casos.

Durante seu tempo, na República Centro-Africana, a capitã brasileira contou ainda com o apoio de alta tecnologia na prevenção da violência como drones, radares e satélites. 

Segundo ela, um outro elemento que ajuda na comunicação, além da rádio da Missão da ONU nesses países, são as redes sociais que promovem maior engajamento das autoridades com as populações e ajudam a construir confiança. 

Para ela, a cooperação e a comunicação são chaves para o sucesso de qualquer missão da ONU e da construção da paz no mundo.