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ONU Mulheres convoca debates para discutir cenário no Afeganistão BR

Sobreviventes de violência sexual em uma associação em Mogadíscio, na Somália.
Foto: UN Photo/Fardowsa Hussein
Sobreviventes de violência sexual em uma associação em Mogadíscio, na Somália.

ONU Mulheres convoca debates para discutir cenário no Afeganistão

Mulheres

Em eventos que antecedem a reunião do Conselho de Segurança sobre o assunto, ranking da Universidade de Georgetown ilustra cenário afegão; Portugal é o país lusófono com a melhor colocação no estudo.  

A ONU Mulheres destaca a preocupação com o impacto de conflitos armados na vida das mulheres, na preparação da reunião do Conselho de Segurança que na quinta-feira debate o assunto.  

A agência promove discussões para avaliar o cenário, principalmente em países em situação mais vulnerável. 

Afeganistão 

Para os especialistas, o risco de exploração de mulheres aumentou, incluindo de tráfico de crianças, casamentos forçados e trabalho forçado
Unicef/Sayed Bidel
Para os especialistas, o risco de exploração de mulheres aumentou, incluindo de tráfico de crianças, casamentos forçados e trabalho forçado

O primeiro evento ressalta um relatório lançado na terça-feira, revelando o status em 170 países, com destaque para inclusão, justiça e segurança feminina. O Afeganistão aparece no último lugar da lista. 

O trabalho, conduzido pelo terceiro ano consecutivo pela Universidade de Georgetown, mostra que o avanço global do gênero está mais lento e as diferenças nesses parâmetros aumentaram em diversos lugares.  

Lusofonia 

Mulheres em área rural de Angola
FAO Angola
Mulheres em área rural de Angola

Entre as nações de língua portuguesa estudados, Portugal teve o melhor desempenho, sendo o 18º da lista, próximo de países como Eslovênia e Irlanda. 

O Brasil aparece na 80ª posição, seguido de Timor-Leste, em centésimo, e Cabo Verde, oito posições abaixo.  

Moçambique e São Tomé e Príncipe estão mais próximos do final do ranking, na 111ª e 119ª colocação. No 144º lugar e em último entre os lusófonos está Angola. 

Na análise específica de dados do Afeganistão, o relatório mostra que em 2018, 83% das meninas afegãs haviam‎‎ ‎‎se matriculado no ensino fundamental. A pesquisa também destaca que mais de mil afegãs haviam iniciado seus próprios negócios. 

Colapso do governo afegão  

Mulheres afegãs em mesquita
Unama
Mulheres afegãs em mesquita

Embora os números fossem animadores, a Universidade afirma que a escolaridade delas ainda era “alarmantemente baixa”. Além disso, ressalta que o colapso do governo coloca em risco o progresso e ameaça reverter o acesso a direitos e à justiça.‎ 

‎A performance do país é baixa em vários indicadores como uso do celular entre as mulheres, representação parlamentar e percepções de segurança da comunidade. De acordo com os dados, o Afeganistão regrediu, enquanto grande parte do mundo melhorou.  

Em todos os aspectos de segurança, a pontuação do país é a mais baixa do sul da Ásia e está entre as piores do mundo. Segundo o relatório, este registro ressalta a “devastação do status das mulheres e de oportunidades causadas pelo conflito em curso”.‎ 

ONU Mulheres 

Em nota, a ONU Mulheres lembrou que dados apontam que países afetados por conflitos gastam duas a três vezes mais no setor da defesa do que em saúde. Segundo as informações, os gastos militares no Afeganistão excederam um terço dos totais na última década, enquanto apenas 3% foram dedicados à proteção social.‎ 

A agência lembra que o Talibã assumiu compromissos com a inclusão e os direitos das mulheres, mas que a realidade não reflete os discursos. 

O escritório da ONU volta a fazer apelo para que as mulheres afegãs influenciem nas tomadas de decisões nacionais e internacionais para a construção de um Afeganistão inclusivo.‎