No Afeganistão, chefe da Agência da ONU para Refugiados alerta para grave crise no país BR

Durante quatro dias, Filippo Grandi conversou com pessoas que não têm o que comer e com mulheres preocupadas com o bem-estar das crianças; ele destaca que as necessidades continuam sendo enormes.
O alto-comissário da ONU para Refugiados encerrou nesta quinta-feira uma visita de quatro dias ao Afeganistão. Na capital Cabul, Filippo Grandi fez um apelo para que o mundo forneça apoio contínuo ao povo do país.
Segundo ele, é necessária uma assistência robusta no campo da ajuda humanitária. Grandi declarou que “apesar do mundo estar corretamente muito preocupado com a guerra na Ucrânia, o Afeganistão ainda enfrenta uma crise grave”.
Nesta quinta-feira, o Conselho de Segurança acompanha o mais recente informe do secretário-geral sobre a situação afegã e suas implicações para a paz e a segurança internacionais. A sessão vota uma resolução renovando por mais um ano o Mandato da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão, Unama.
No país, o chefe da Agência da ONU para Refugiados, Acnur, disse ter conversado com pessoas que “sequer sabem o que irão comer na próxima refeição”, além dos encontros que teve com mães que “temem pela saúde e bem-estar de seus filhos” e progenitores desesperados para prover para suas famílias”. Grandi lembrou que as necessidades do Afeganistão são enormes.
Além de passar por Cabul, o alto-comissário participou das inaugurações de um centro de saúde construído pelo Acnur em Kandahar e de uma escola para meninas em Jalalabad, também construída pela agência.
Durante a passagem pelo Afeganistão, Filippo Grandi encontrou com representantes do “governo interino afegão, além de trabalhadores de ONGs e da ONU que continuam a fornecer apoio vital ao país”. O alto-comissário reforçou o compromisso do Acnur de continuar atuando em prol da população do Afeganistão.
Desde o início do ano, a agência conseguiu ajudar mais de 500 mil afegãos, incluindo mais de 130 mil que receberam itens ou financiamento direto para as pessoas que sobreviveram ao inverno.
Existem também 370 mil pessoas sendo beneficiadas com centros de saúde, escolas e sistemas de distribuição de água, construídos pelo Acnur em áreas prioritárias para o retorno de refugiados e deslocados.
Mas segundo Filippo Grandi, ainda existem 3,4 milhões de deslocados internos devido ao conflito. O sistema de saúde pública do Afeganistão enfrenta uma situação complicada com a pandemia de Covid-19 e um surto de sarampo.
O Acnur atua no país há 40 anos, com vários programas de assistência aos refugiados e aos deslocados internos.
O Plano de Resposta das Nações Unidas para o Afeganistão prevê apoiar milhões de pessoas que lutam contra fome, desnutrição, doenças e deslocamento. Para isso, são necessários US$ 4,4 bilhões. Somente o Acnur precisa para este ano de US$ 340,3 milhões, mas até o momento, recebeu 28% do montante.