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Enviada da ONU descreve “situação desoladora” no Haiti  BR

Informe ao Conselho de Segurança sublinha que o mundo precisa apoiar a emergência para as vítimas do tremor
Minustah/ Logan Abassi
Informe ao Conselho de Segurança sublinha que o mundo precisa apoiar a emergência para as vítimas do tremor

Enviada da ONU descreve “situação desoladora” no Haiti 

Ajuda humanitária

Representante aponta manto de impunidade limitando buscas pelo assassinato do presidente Jovenel Moise; ações de apoio a 800 mil afetados pelo terremoto carecem de mais de US$187 milhões; vacinação contra a Covid-19 chegou a apenas 1% da população do país mais pobre das Américas. 

 

A chefe da Missão da ONU para Apoio à Justiça no Haiti, Binuh, disse que a situação do país “só pode ser caracterizada como desoladora”. Helen La Lime pediu ao mundo que assegure que o Haiti não se torne uma crise esquecida, pedindo apoio à emergência. 

Falando em sessão do Conselho de Segurança, Helen La Lime lembrou que um mês depois do assassinato do presidente Jovenel Moise, ocorrido em 7 de julho, o país foi atingido pelo terremoto que afetou mais de 800 mil pessoas no sudoeste. A combinação dos eventos ditou o adiamento de eleições nacionais e locais. 

Garantias 

Em relação às investigações do assassinato do chefe de Estado haitiano, ela disse que deve ser levantado o “manto de impunidade que há muito tempo envolve o Haiti”.  

Para que a justiça prevaleça nesse e em vários casos emblemáticos, La Lime pediu que os intervenientes trabalhem de “forma independente, em ambiente tranquilo e com garantia de proteção na identificação e no processamento dos responsáveis.” 

Um trabalhador ajuda humanitário da ONU planeja as necessidades das pessoas afetadas pelo terremoto de magnitude 7,2 no Haiti
Ocha/Matteo Minasi
Um trabalhador ajuda humanitário da ONU planeja as necessidades das pessoas afetadas pelo terremoto de magnitude 7,2 no Haiti

 

Ainda em relação ao sistema judicial haitiano, a enviada contou que 82% dos reclusos do país não foram julgados, uma das mais altas taxas no mundo. 

Quanto à questão humanitária causada pelo terremoto de 14 de agosto, a representante disse que a complexidade requer maior cooperação para sustentar e aumentar as capacidades e promover medidas de saúde e sociais na pandemia.  

Unicef 

O informe coincidiu com uma nota do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, destacando que cerca de 70% das escolas do sudoeste ainda estão danificadas ou destruídas. 

Como parte da campanha de volta às aulas, a agência chama a atenção para os cerca de 300 mil menores de idade começando gradualmente a retomar aos centros de ensino nos três departamentos afetados pelo sismo. 

Em momento de vacinação, o país somente teve 60 mil unidades administradas até o momento em menos 1% da população elegível. 

O informe ao Conselho de Segurança sublinha que o mundo precisa apoiar a emergência para as vítimas do tremor, com US$ 187,3 milhões, além da resposta humanitária até 2022, que está calculada em US$ 235,6 milhões.  

Uma família que perdeu a casa após o terremoto em agosto no Haiti.
Foto: © UNICEF/Georges Harry Rouzier
Uma família que perdeu a casa após o terremoto em agosto no Haiti.