“Sucesso ou fracasso do sistema multilateral está nas mãos dos Estados-membros”
Declarações são do presidente da 75ª sessão da Assembleia Geral, Volkan Bozkir, que deixa o cargo na tarde de terça-feira; entrevista à ONU News aborda paz de segurança, pandemia e desafios colocados ao sistema multilateral.
O presidente que deixa o cargo da Assembleia Geral das Nações Unidas disse acreditar que o sucesso ou fracasso do sistema multilateral esteja nas mãos dos Estados-membros.
Volkan Bozkir defende que haja ainda mais críticas e exigências sobre o multilateralismo para ajudar a promover melhorias. As declarações foram dadas em entrevista exclusiva à ONU News.
Problemas
Bozkir ressaltou que as Nações Unidas cumprem mandatos confiados pelos Estados-Membros. Ele apontou os casos da Síria e do Iêmen, para demonstrar como a ONU tem tentado encontrar soluções para problemas e acabar com conflitos de forma incansável. Mas destacou que nesses contextos, a organização continua fornecendo ajuda aos necessitados.
Nesta terça-feira, o maldivo Abdulla Shahid passa formalmente a ocupar o cargo de presidente da Assembleia Geral no início da 76ª sessão do órgão.
Conflitos
Mesmo com a pandemia, a Assembleia Geral das Nações Unidas somou 103 reuniões, 320 resoluções, reuniões presenciais e eleições, incluindo a que culminou com a reeleição do secretário-geral António Guterres.
O período foi marcado por 16 reuniões de alto nível, duas sessões extraordinárias e eleições, incluindo a que culminou com a recondução do secretário-geral António Guterres para um segundo mandato na liderança da organização.
O chefe que deixa o cargo da Assembleia Geral falou de dificuldades enfrentadas pelo órgão para realizar diferentes tarefas que lhe foram atribuídas estando em momento de crise de saúde e com os limitados recursos disponíveis.
Uma das opções foi fazer a combinação de sessões presenciais e online em híbridas para cumprir as atividades planejadas para a sessão. Mas também para concluir tarefas da temporada anterior, que foi severamente interrompida durante o início da pandemia.
O diplomata considera a Assembleia Geral “o melhor e único fórum para mobilizar a vontade política e encontrar soluções para a crise global”, mas advertiu deve haver cuidado para não a sobrecarregar. Para ele, a plataforma deve ser usada com eficácia e eficiência.
Medidas
Apesar das adversidades marcando o ano, Bozkir ressaltou que estar na agenda do maior fórum internacional foi uma honra e um desafio. Medidas para conter a pandemia ditaram a participação de um delegado por sessão, e passara para mais três no debate geral onde “o espaço para a diplomacia começa a reemergir”.
Uma das prioridades “era garantir que o órgão mais representativo do mundo se pudesse reunir para resolver os problemas comuns”. Ele declarou que embora a sede das Nações Unidas ainda não esteja totalmente aberta estavam começando a ser realizadas reuniões presenciais.
Mulheres e jovens
A questão da pandemia esteve dominando a sessão, mas em cima da mesa também estiveram temas como a necessidade de acesso justo e equitativo às vacinas, o fim do fosso digital e os esforços necessários para empoderar mulheres e jovens.
Desafios e oportunidades foram destaques em relação à agenda de paz e segurança, incluindo as situações na Síria e no Afeganistão. Ele visitou o Oriente Médio onde constatou a crise ambiental na região do Mar de Aral e questões importantes para a região.
Para o diplomata e político turco, a pandemia expôs muitas suposições falsas, como o de que fazer diplomacia dispensa uma interação face a face ou a ideia de uma ONU que não poderia lidar com uma crise de tamanha dimensão.
Desenvolvimento Sustentável
Bozkir diz que o mundo está adiando a resolução dos maiores desafios da atualidade e o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS.
O representante destacou ainda um “grande foco na necessidade de abordar as vulnerabilidades das mulheres e dos países pobres”.
Como recomendação, incluindo ao sucessor Abdulla Shahid, Bozkir apela que se atue para agilizar e aprofundar o trabalho da Assembleia Geral.
Para ele, o sucesso do órgão não se mede pela quantidade de reuniões realizadas, mas pela sua qualidade, seu formato e seu impacto.