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Timor-Leste cria primeiro banco alimentar após parceria entre ONU e ONG local  BR

Nas escolas do Timor-Leste, são realizadas campanhas contra a Covid-19.
ONU/Timor-Leste
Nas escolas do Timor-Leste, são realizadas campanhas contra a Covid-19.

Timor-Leste cria primeiro banco alimentar após parceria entre ONU e ONG local 

ODS

Iniciativa quer combater desnutrição e fome doando alimentos aos necessitados; mais de um terço da população timorense enfrenta insegurança alimentar; ONG vê mulheres e meninas atuando para mudar atual cenário. 

O Sistema das Nações Unidas em Timor-Leste criou um banco de alimentos no país em parceria com o Programa de Capacitação para Mulheres Jovens Adolescentes, Pro-EMA. 

A fundadora e diretora da ONG, Simone Barbosa de Assis, disse que alimentos e serviços relacionados serão usados como um veículo de mudança. O plano é  reaproveitar comida ou ingredientes, perecíveis ou não, para fazer refeições em cozinhas solidárias. 

Fome e desnutrição  

“Nosso objetivo é apoiar a comunidade, ajudar os comerciantes e as empresas na redução do desperdício de alimentos. Nós sabemos que Timor-Leste tem um alto nível de desnutrição e necessidades em termos alimentares. Nós acreditamos que a redução do desperdício é um caminho para resolver o problema da fome e desnutrição em Timor-Leste. Por isso, todos nós devemos somar esforços para, junto a esse novo projeto do banco alimentar, podermos conscientizar as pessoas, a sociedade civil e o governo de que todos nós podemos lutar contra a fome e desnutrição no Timor-Leste.”

Mulheres receberão cursos sobre o aproveitamento integral dos ingredientes e nutrição
Foto: Acnur/Kim Nelson
Mulheres receberão cursos sobre o aproveitamento integral dos ingredientes e nutrição

 

Para o coordenador-residente da ONU em Timor-Leste, Roy Trivedy, a iniciativa é “uma etapa inovadora, oportuna e transformadora para lidar com a desnutrição e a fome por fornecer alimentos aos necessitados”.  

A inauguração acontece um mês antes da Cúpula de Sistemas Alimentares 2021 que reunirá líderes internacionais em Nova Iorque. 

A atividade do banco de alimentos começa quatro meses após a queda de chuvas que afetaram mais de 30 mil lares timorenses. A situação levou as autoridades a acolher centenas em centros e abrigos na capital Díli.  

Consumo  

As fortes chuvas causaram enchentes e deslizamentos de terra, no país que já tinha cerca de 430 mil pessoas em insegurança alimentar crônica severa e moderada. O número equivale a 36% da população. 

Nós acreditamos que a redução do desperdício é um caminho para resolver o problema da fome e desnutrição em Timor-Leste

Entre os principais fatores que contribuem para a situação estão os baixos níveis de produtividade agrícola, da qualidade e quantidade de consumo de alimentos e de estratégias de subsistência. 

Combinados à alta dependência em uma estratégia de subsistência, estes motivos ditaram a manutenção de um o índice de pobreza a 42%, aliada à desnutrição crônica. 

Na parceria, a Pro-EMA deve fazer contatos e aumentar a consciência de entidades como empresas, supermercados, hotéis, restaurantes, igrejas e agências governamentais locais para incentivar doações de alimentos. 

Comunidades 

Cadeias alimentares também serão aproveitadas. Por exemplo, agricultores com alta desempenham ou com produtos pouco atraentes e a parte excedente da produção de fábricas ou encomendas de varejistas. 

Para produtos à véspera de expirar, o banco de alimentos pretende contatar indústrias e inspetores de alimentos para garantir que estes sejam seguros e legais para distribuição e consumo.  

Coordenador-residente da ONU em Timor-Leste, Roy Trivedy disse que a iniciativa é inovadora, oportuna e transformadora
ONU News
Coordenador-residente da ONU em Timor-Leste, Roy Trivedy disse que a iniciativa é inovadora, oportuna e transformadora

 

Já alimentos ou produtos que não sejam utilizados em cozinhas solidárias de comunidades, o destino serão orfanatos, abrigos ou organizações atuando na distribuição alimentar. 

Escolas 

Com os planos de fechamento de campos de deslocados, muitas famílias retornarão para suas casas e comunidades. Em seis meses, a parceria prevê montar cozinhas comunitárias solidárias que semanalmente fornecerão refeições nutritivas priorizando crianças e gestantes. 

Novos alunos terão aulas teóricas e práticas sobre nutrição em um curso de gastronomia sustentável para campos de deslocados, sedes de aldeias, organizações comunitárias, escolas ou cozinhas de líderes da comunidade. 

A ideia é promover a responsabilização individual no combate à desnutrição e ao desperdício alimentar.  

As mulheres, principalmente mães e idosas receberão cursos sobre o aproveitamento integral dos ingredientes e nutrição.