No Sudão do Sul, duas em cada três crianças estão desesperadas por ajuda
Segundo Unicef, 10 anos após a independência do país africano, número de menores precisando com urgência de assistência humanitária bate recorde; violência, cheias, secas e crise econômica causaram insegurança alimentar extrema.
Duas em cada três crianças do Sudão do Sul estão desesperadas por ajuda humanitária. O alerta é do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.
Nesta terça-feira, a agência informou que o país africano tem 4,5 milhões de menores de idade que precisam receber assistência com urgência. É o número mais alto desde que o país conquistou a independência, há 10 anos.
Conflitos e Mudança Climática
O Unicef explica os vários fatores que levaram a uma das piores crises humanitárias do mundo: onda de violência e de conflitos, eventos extremos do clima, como enchentes e secas e uma crise econômica profunda. Com isso, o nível de insegurança alimentar é extremo.
A agência das Nações Unidas destaca que o acordo de paz está sendo cumprido apenas de forma parcial e por isso, está “falhando em levar qualquer tipo de alívio às crianças e aos jovens”.
Desespero
A diretora-executiva do Unicef declarou que a onda de “esperança e de otimismo” sentida pelas famílias do Sudão do Sul durante a independência em 2011, “foi se transformando, devagarinho, em desespero e falta de esperança”.
Segundo Henrietta Fore, “a infância da maioria das crianças sul-sudanesas com 10 anos de idade é prejudicada pela violência, crises de abusos de direitos”.
A taxa de mortalidade infantil no país é a maior do mundo: uma entre 10 crianças do Sudão do Sul não consegue viver até os cinco anos de idade.
Falta de Financiamento
As previsões para este ano são de 1,4 milhão de menores sofrendo de desnutrição aguda, sendo que milhares poderão morrer se não receberem tratamento.
O Unicef trabalha para aumentar sua capacidade em examinar e tratar as crianças desnutridas. Outras prioridades da agência são garantir acesso à água potável, à higiene básica e ao saneamento.
Mas faltam recursos financeiros: o Unicef pediu US$ 180 milhões para apoiar as crianças do Sudão do Sul em 2021, mas já na metade do ano, apenas um terço do montante foi alcançado.
Outra preocupação é no setor da educação: 2,8 milhões de alunos não frequentam as salas de aula e com a pandemia de Covid-19, um total extra de 2 milhões de menores deixaram de frequentar a escola.