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Unicef pede US$ 6,4 bilhões para socorrer 190 milhões de crianças em 2021  BR

Dois meninos em assentamento em Ituri, na República Democrática do Congo
UNICEF/Desjardins
Dois meninos em assentamento em Ituri, na República Democrática do Congo

Unicef pede US$ 6,4 bilhões para socorrer 190 milhões de crianças em 2021 

Ajuda humanitária

Apelo recorde deve financiar programas em 149 países e territórios no próximo ano; Síria e Venezuela seguem entre algumas das maiores crises humanitárias; Unicef citou Moçambique, onde mais de 425 mil pessoas estão deslocadas pela violência em Cabo Delgado. 

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, lançou esta quinta-feira o maior apelo de emergência da história da agência no valor de US$ 6,4 bilhões. 

O objetivo é chegar a 300 milhões de pessoas incluindo mais de 190 milhões de crianças, com apoio e serviços vitais, no próximo ano. 

Mulheres e crianças deslocadas no bairro de Alto Gingone, em Pemba, na província de Cabo Delgado
Mulheres e crianças deslocadas em Cabo Delgado, ONU Moçambique/Helvisney Cardoso

Aumento 

A quantia representa um aumento de 35% em relação ao que foi pedido este ano, mostrando o agravamento das necessidades humanitárias em todo o mundo, devido a crises prolongadas e à pandemia da Covid-19. 

Muitos serviços de vacinação foram interrompidos em mais de 60 países e quase 250 milhões de alunos ainda estão fora da escola por causa da pandemia. A crise também aumentou casos de violência de gênero e doméstica e gerou desemprego em massa. 

O Unicef lembra que este ano também foi marcado por novas crises humanitárias. 

Moçambique 

Na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, mais de 425 mil pessoas, incluindo 191 mil crianças, foram forçadas a fugir de suas casas devido à violência de terroristas islâmicos no local. Foram reportados casos de assassinato, sequestro e recrutamento de crianças como soldados.  

No mês passado, uma nova crise levou 2,8 milhões de pessoas a precisar de ajuda urgente na Etiópia com o conflito entre tropas federais e forças regionais em Tigray. 

Uma família foge da violência em Idlib, na Síria.
Uma família foge da violência em Idlib, na Síria, Ocha/HFO

O Unicef lembra a temporada recorde de furacões e tempestades tropicais que arrasou vários países da América Central, onde 2,6 milhões de crianças foram atingidas assim como no Leste Asiático, que prejudicou 13,4 milhões de meninos e meninas. 

Venezuela e Afeganistão 

A Covid-19 agravou outras emergências humanitárias como no Afeganistão e na Venezuela assim como Bangladesh, Burkina Fasso, República Democrática do Congo, Líbia, Sudão do Sul, Iêmen e Síria. 

Somente nesses dois últimos países, quase 17 milhões de menores precisam de ajuda. 

O Unicef estima que 36 milhões de crianças, um número recorde, vivam deslocadas por conflitos, violência e desastres naturais.  

A diretora executiva da agência, Henrietta Fore, ressalta que “quando uma pandemia arrasadora coincide com conflitos, alterações climáticas, desastres e deslocações, as consequências para as crianças podem ser catastróficas.” 

Segundo ela, “esta situação sem precedentes exige uma resposta igualmente sem precedentes” e por isto ela pede a doadores que ajudem a evitar o surgimento de uma geração perdida. 

Henrietta Fore numa visita a uma escola em Idlib em fevereiro de 2020
Henrietta Fore numa visita a uma escola em Idlib em fevereiro de 2020, Unicef/OMAR SANADIKI

Vacinas 

Como parte de sua resposta à Covid-19, o Unicef iniciou uma operação maciça para o fornecimento e aquisição de vacinas. 

A agência coordenará com as principais companhias aéreas e fornecedores os esforços de entrega de vacinas a mais de 92 países. O Unicef também atuará com governos para distribuir as vacinas e combater a desinformação. 

Em 2020, a agência tratou mais de 1,5 milhão de crianças com subnutrição aguda grave e 3,4 milhões foram vacinadas contra o sarampo.  

Além disso, 3 bilhões de pessoas foram informadas sobre prevenção da Covid-19 e 1,8 milhão de profissionais de saúde receberam equipamentos de proteção.