Guterres quer que G-20 estenda alívio da dívida até 2021 por causa da pandemia
Secretário-geral falou a jornalistas à véspera do evento na Arábia Saudita; para ele, é hora de “solidariedade e cooperação” para vencer o coronavírus; medida deve beneficiar todos os países em desenvolvimento e de renda média que precisem do apoio para responder à Covid-19.
O chefe da ONU, António Guterres, participa neste sábado do Encontro de Cúpula do G-20, as 20 maiores economias do mundo, que acontece na Arábia Saudita.
A reunião do grupo, que inclui o Brasil, deve durar dois em dias, em Riyadh, capital do país árabe.
Vacina
Numa entrevista a jornalistas, na sede da ONU em Nova Iorque, Guterres disse que o mundo precisa de solidariedade e cooperação e elogiou a notícia de uma vacina contra a Covid-19.
Mas para ele, é preciso fazer ainda mais para vencer a crise global.
Segundo Guterres, o G-20 precisa estender o alívio da dívida de países em desenvolvimento e países de renda média até o final de 2021 para ajudar na recuperação da crise causada pela pandemia.
O secretário-geral afirmou que o caminho a seguir deve ser inclusivo e sustentável. E para tal, todos precisam melhorar suas metas de resposta à mudança climática.
Ele elogiou os avanços na produção de uma vacina contra a Covid-19, mas disse que a imunização tem que chegar a todos sendo uma “vacina do povo”.
Pobreza e fome
Ao citar o endividamento dos países, agravado pela pandemia, o secretário-geral afirmou que o mundo em desenvolvimento está à beira do precipício da ruína financeira com aumento da pobreza, da fome e de “um sofrimento indescritível”.
O chefe da ONU alerta para o efeito dominó de uma bancarrota, que poderia arrasar a economia global.
Para Guterres, o mundo não pode permitir que a Covid-19 se transforme numa pandemia da dívida.
Sobrevivência
Ele criticou o fato de pacotes de resgate do G-20 se comprometerem com um 50% a mais de financiamentos para combustíveis fosseis, se comparado aos compromissos feitos com iniciativas de baixo carbono.
Ao mesmo tempo, Guterres elogiou a criação e crescimento da coalizão para zero emissões de dióxido de carbono até 2050.
Até o início de 2021, mais de 70% da economia global terá aderido às metas de neutralidade de carbono.
Ele encerrou demonstrando “firme esperança” de que 2021 será um ano de avanços nesta área, e que neste caso, solidariedade significa sobrevivência.