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Guterres diz que mundo precisa fazer mais para apoiar vítimas de terrorismo   BR

Meninas vítimas do grupo terrorista Boko Haram, caso que gerou comoção mundial em 2014, ainda sofrem com efeitos dos abusos cometidos
Foto: Unicef/UN0126512/Bindra
Meninas vítimas do grupo terrorista Boko Haram, caso que gerou comoção mundial em 2014, ainda sofrem com efeitos dos abusos cometidos

Guterres diz que mundo precisa fazer mais para apoiar vítimas de terrorismo  

Paz e segurança

Em Dia Internacional em Memória e Tributo às Vítimas de Terrorismo, secretário-geral da ONU pede que comunidade internacional trabalhe com parlamentos e governos para adotar legislação e estratégias nacionais de apoio a estas pessoas. 

 O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que “é essencial” lembrar as vítimas do terrorismo e fazer mais para apoiá-las.

Neste 21 de agosto, as Nações Unidas marcam o Dia Internacional em Memória e Tributo às Vítimas de Terrorismo.   

Guterres também apelou que qualquer futura vacina seja vista como um bem público global.
António Guterres disse que é possível ajudar vítimas e sobreviventes buscando verdade e justiça, ONU/Jean Marc Ferré

Consequências  

Em mensagem, o chefe da ONU afirma que a data homenageia todas as pessoas que vítimas deste flagelo.  

Para ele, é preciso “apoiar aqueles que ainda sofrem e continuam a viver com as feridas físicas e psicológicas das atrocidades terroristas.”  

Guterres diz o impacto do terrorismo pode durar uma vida inteira e ter consequências em várias gerações.  

Ele lembrou que “memórias traumáticas não podem ser apagadas, mas é possível ajudar vítimas e sobreviventes buscando a verdade, a justiça e a reparação, ampliando suas vozes e defendendo seus direitos humanos.”  

Familiares  

Esta é a terceira vez que a ONU marca o Dia Internacional em Memória e Tributo às Vítimas de Terrorismo, estabelecido pela Assembleia Geral em 2018.  

Numa dessas comemorações, em Genebra, a ONU ouviu sobreviventes e familiares das vítimas.   

Mattia-Sélim Kanaan tinha apenas três semanas de vida quando perdeu o pai num atentado terrorista no Iraque.  

Mattia contou que cresceu com aversão a notícias sobre ataques terroristas porque elas o deixavam indignado e triste por outras famílias. Segundo ele, “terroristas não são corajosos e não têm coração, porque não há coragem em matar pessoas desarmadas.”  

O jovem contou ainda que, apesar da dor de ter crescido sem o pai, aprendeu “que a vida é mais forte do que qualquer coisa, inclusive bombas e ideologias fanáticas.”  

Mamma Hamidou, ao centro, abandonou sua aldeia nos Camarões depois de ter sido atacada por insurgentes
Mamma Hamidou, ao centro, abandonou sua aldeia nos Camarões depois de ter sido atacada por insurgentes, by Foto ONU/Eskinder Debebe

Pandemia  

Este ano, o Dia Internacional ocorre em meio enquanto à crise da Covid-19.    

Serviços vitais para as vítimas, como apoio psicossocial, foram interrompidos, atrasados ou encerrados, enquanto os governos concentram seus recursos no combate à pandemia.  

O secretário-geral disse ainda que “muitos tributos e comemorações foram cancelados ou transferidos para a internet, dificultando a capacidade das vítimas de encontrarem consolo e conforto.” 

Nunca esquecidos

Devido a essas restrições, o primeiro Congresso Global das Vítimas do Terrorismo das Nações Unidas também foi adiado para 2021.  

Para ajudar estas pessoas a reconstruir suas vidas, o secretário-geral afirmou que a comunidade internacional deve trabalhar com parlamentos e governos para adotar legislação e estratégias nacionais.  

O secretário-geral destacou ainda o “trabalho inestimável” das associações de vítimas e pediu que “aqueles que sofreram sejam sempre ouvidos e nunca esquecidos.”