Coordenador da ONU alerta para crise tripla no Oriente Médio
Encontro do Conselho de Segurança debateu situação na região, com destaque para os esforços de paz e a pandemia de Covid-19; Nickolay Mladenov também mencionou crise econômica que afeta palestinos e israelenses.
O coordenador especial da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, afirmou esta terça-feira que “palestinos e israelenses estão enfrentando uma crise tripla complexa e desestabilizadora.”
O especialista falou em um debate do Conselho de Segurança, através de videoconferência, dedicado à situação no Oriente Médio.
Crise
Mladenov contou que a região está lidando com uma crise de saúde, causada por um aumento rápido dos casos de Covid-19, e uma crise econômica, que leva à falência de empresas, aumento de desemprego e protestos. Por fim, existe um crescente confronto político, impulsionado pela ameaça de anexação israelense e a resposta da liderança palestina.
Para o coordenador, tudo isto não acontece por acaso. A pandemia apenas “destaca a realidade cotidiana do conflito” e “expõe a insustentabilidade da ocupação e a necessidade de atualizar acordos que definem o relacionamento entre os dois lados.”
Segundo Mladenov, nas últimas semanas, a comunidade internacional continuou rejeitando os planos de anexação de Israel.
Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, continuou pedindo diálogo entre todas as partes, sem pré-condições. Para que esses esforços tenham sucesso, Mladenov diz que deve haver vontade política de todos os partidos.
Se isso não acontecer, “uma solução corre o risco de tornar-se rapidamente impossível, caminhando para um estado de ocupação e conflito perpétuos.”
Pandemia
Nickolay Mladenov também mencionou a situação da pandemia de Covid-19 na região, destacando um “aumento dramático dos casos na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental e Israel.”
Em resposta, as Nações Unidas estão trabalhando com todos os lados para garantir a entrega contínua e desimpedida de assistência humanitária.
A organização já chegou a acordos com a Autoridade Palestina para abrir exceções à entrega de ajuda. Também negociou com Israel para que o país simplifique seus procedimentos administrativos, considerando a crise de saúde.
Violência
Durante o período coberto pelo relatório, a violência diária continuou por toda a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.
Um palestino foi morto pelas Forças de Segurança de Israel e 65 palestinos, incluindo dez crianças, ficaram feridas. Dois soldados israelenses também foram feridos em incidentes separados.
Para Mladenov, a gravidade da crise de saúde “exige medidas extraordinárias, medidas que vão além do costume, com esforços imediatos para conter o vírus e conter seu impacto.”
Economia
Segundo o coordenador, “os líderes israelenses e palestinos têm o dever de proteger as vidas e os meios de subsistência de suas populações.”
Em Israel, o desemprego subiu para mais de 20%. Mladenov afirmou que milhares de israelenses estão saindo às ruas para exigir maior apoio financeiro e que “muitos destacaram o grande custo econômico e, provavelmente, humano de avançar com os planos de anexação.”
A Autoridade Palestina teve uma redução de 80% em suas verbas. O coordenador afirmou que existe “o risco de um colapso total, quando os palestinos mais precisam dos serviços e apoio de seu governo.”
Nickolay Mladenov terminou dizendo que as Nações Unidas “continuarão trabalhando com todos os lados para garantir que as necessidades humanitárias e de saúde sejam atendidas.” Segundo o coordenador, “proteger vidas será sempre a maior prioridade” para a organização.