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Coordenador da ONU alerta para crise tripla no Oriente Médio  BR

Homem em ruínas de sua casa na Cisjordânia, depois de ser demolida por autoridades israelitas em setembro de 2018
UNRWA
Homem em ruínas de sua casa na Cisjordânia, depois de ser demolida por autoridades israelitas em setembro de 2018

Coordenador da ONU alerta para crise tripla no Oriente Médio 

Paz e segurança

Encontro do Conselho de Segurança debateu situação na região, com destaque para os esforços de paz e a pandemia de Covid-19; Nickolay Mladenov também mencionou crise econômica que afeta palestinos e israelenses. 

O coordenador especial da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, afirmou esta terça-feira que “palestinos e israelenses estão enfrentando uma crise tripla complexa e desestabilizadora.”

O especialista falou em um debate do Conselho de Segurança, através de videoconferência, dedicado à situação no Oriente Médio.

O coordenador especial da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, relatou algumas reações no terreno ao plano apresentado pelos Estados Unidos.
O coordenador especial da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, destacou consequências econômicas da Covid-19, Foto ONU/Loey Felipe

Crise

Mladenov contou que a região está lidando com uma crise de saúde, causada por um aumento rápido dos casos de Covid-19, e uma crise econômica, que leva à falência de empresas, aumento de desemprego e protestos. Por fim, existe um crescente confronto político, impulsionado pela ameaça de anexação israelense e a resposta da liderança palestina.

Para o coordenador, tudo isto não acontece por acaso. A pandemia apenas “destaca a realidade cotidiana do conflito” e “expõe a insustentabilidade da ocupação e a necessidade de atualizar acordos que definem o relacionamento entre os dois lados.”

Segundo Mladenov, nas últimas semanas, a comunidade internacional continuou rejeitando os planos de anexação de Israel.

Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, continuou pedindo diálogo entre todas as partes, sem pré-condições. Para que esses esforços tenham sucesso, Mladenov diz que deve haver vontade política de todos os partidos.

Se isso não acontecer, “uma solução corre o risco de tornar-se rapidamente impossível, caminhando para um estado de ocupação e conflito perpétuos.”

Pandemia

Nickolay Mladenov também mencionou a situação da pandemia de Covid-19 na região, destacando um “aumento dramático dos casos na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental e Israel.”

Em resposta, as Nações Unidas estão trabalhando com todos os lados para garantir a entrega contínua e desimpedida de assistência humanitária.

A organização já chegou a acordos com a Autoridade Palestina para abrir exceções à entrega de ajuda. Também negociou com Israel para que o país simplifique seus procedimentos administrativos, considerando a crise de saúde.

Violência

Durante o período coberto pelo relatório, a violência diária continuou por toda a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.

Casas palestinas e assentamentos israelenses em Hebron, na Cisjordânia.
Casas palestinas e assentamentos israelenses em Hebron, na Cisjordânia, ONU News/Reem Abaza

Um palestino foi morto pelas Forças de Segurança de Israel e 65 palestinos, incluindo dez crianças, ficaram feridas. Dois soldados israelenses também foram feridos em incidentes separados.

Para Mladenov, a gravidade da crise de saúde “exige medidas extraordinárias, medidas que vão além do costume, com esforços imediatos para conter o vírus e conter seu impacto.”

Economia

Segundo o coordenador, “os líderes israelenses e palestinos têm o dever de proteger as vidas e os meios de subsistência de suas populações.”

Em Israel, o desemprego subiu para mais de 20%. Mladenov afirmou que milhares de israelenses estão saindo às ruas para exigir maior apoio financeiro e que “muitos destacaram o grande custo econômico e, provavelmente, humano de avançar com os planos de anexação.”

A Autoridade Palestina teve uma redução de 80% em suas verbas. O coordenador afirmou que existe “o risco de um colapso total, quando os palestinos mais precisam dos serviços e apoio de seu governo.”

Nickolay Mladenov terminou dizendo que as Nações Unidas “continuarão trabalhando com todos os lados para garantir que as necessidades humanitárias e de saúde sejam atendidas.” Segundo o coordenador, “proteger vidas será sempre a maior prioridade” para a organização.