Mais de 3 milhões de moçambicanos precisarão de ajuda devido à pandemia
Número representa mais de 10% da população de Moçambique; país tem cerca de 700 casos confirmados do novo coronavírus; OMS diz que interrupção de serviços de básicos de saúde poderá levar a mortes; nação africana de língua portuguesa é um dos 20 países com maior ritmo de propagação da Covid-19 no mundo.
Qual o impacto da pandemia num país que já enfrenta as consequências de desastres naturais e da insegurança? É esta a situação atual de Moçambique, o país de língua portuguesa no sul da África.
Para a representante da Organização Mundial da Saúde, OMS, no país, Djamila Cabral, o cenário é de “necessidades imensas” criadas pela Covid-19. Até este 19 de junho, Moçambique já contabilizava 700 casos confirmados da doença.
Salvar vidas
A médica falou à ONU News, de Maputo, sobre as ações da agência e das autoridades no combate à pandemia.
“Está-se a fazer já um bom trabalho, mas é preciso redobrar os esforços e é preciso investir mais. Peço a solidariedade internacional para olhar para Moçambique, olhar para o povo moçambicano e financiar o plano de assistência humanitária para que possamos ter oportunidade ao lado do governo moçambicano de apoiar e ajudar a salvar vidas dos moçambicanos, ajudar a preservar a sua saúde e ajudar a proteger contra a Covid-19.”
Moçambique vai absorver 0,1% dos US$ 6,7 bilhões do plano de resposta humanitária internacional para países que têm crises humanitárias. São US$ 68 milhões para situações mais críticas como parte da “tensão sem precedentes”.
Djamila Cabral explica que as autoridades nacionais coordenam ações como comunicação, acesso a intervenções de saúde, compra de equipamentos, treinamento de pessoal que realiza vigilância, testes, rastreamento de contatos, isolamento e comunidades.
Meta
Estima-se que 3 milhões de pessoas estejam em situação precária. Destas, a área de saúde precisará de US$ 16 milhões para atingir 2,3 milhões de pessoas com serviços essenciais.
A meta da ação humanitária é alcançar as comunidades protegendo o pessoal da saúde. Outra área que deve merecer atenção é manter serviços de rotina nos hospitais onde há risco porque as pessoas já não vão a estes estabelecimentos.
Cabral disse que é urgente preservar a saúde em momento em que baixou o número de crianças vacinadas ou assistência a grávidas, planeamento e controlo de enfermidades que não o fazem de forma regular.
Malária e HIV
A representante alerta que se nada for feito agora “vamo-nos dar conta que paramos de dar serviços de base e vamos perder vidas”.
Moçambique lida com doenças endêmicas e subjacentes como malária, tuberculose, diabetes, hipertensão e HIV/Sida.
Para a chefe da OMS uma das chaves par a lidar com estes problemas é a “boa coordenação” na saúde entre o Governo de Moçambique, as agências da ONU e as ONGs que vêm atuando no setor.