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Mais de 3 milhões de moçambicanos precisarão de ajuda devido à pandemia BR

O distanciamento social está sendo praticado em centro de reassentamento no distrito de Dondo, como parte dos esforços em Moçambique para combater a propagação da covid-19..
PMA/Rafael Campos
O distanciamento social está sendo praticado em centro de reassentamento no distrito de Dondo, como parte dos esforços em Moçambique para combater a propagação da covid-19..

Mais de 3 milhões de moçambicanos precisarão de ajuda devido à pandemia

Saúde

Número representa mais de 10% da população de Moçambique; país tem cerca de 700 casos confirmados do novo coronavírus; OMS diz que interrupção de serviços de básicos de saúde poderá levar a mortes; nação africana de língua portuguesa é um dos 20 países com maior ritmo de propagação da Covid-19 no mundo.

Qual o impacto da pandemia num país que já enfrenta as consequências de desastres naturais e da insegurança? É esta a situação atual de Moçambique, o país de língua portuguesa no sul da África.

Para a representante da Organização Mundial da Saúde, OMS, no país,  Djamila Cabral, o cenário é de “necessidades imensas” criadas pela Covid-19. Até este 19 de junho, Moçambique já contabilizava 700 casos confirmados da doença.

Salvar vidas

A médica falou à ONU News, de Maputo, sobre as ações da agência e das autoridades no combate à pandemia.

Representante da OMS destaca “necessidades imensas” criadas pela Covid-19 em Moçambique

“Está-se a fazer já um bom trabalho, mas é preciso redobrar os esforços e é preciso investir mais. Peço a solidariedade internacional para olhar para Moçambique, olhar para o povo moçambicano e financiar o plano de assistência humanitária para que possamos ter oportunidade ao lado do governo moçambicano de apoiar e ajudar a salvar vidas dos moçambicanos, ajudar a preservar a sua saúde e ajudar a proteger contra a Covid-19.”

Moçambique vai absorver 0,1% dos US$ 6,7 bilhões do plano de resposta humanitária internacional para países que têm crises humanitárias. São US$ 68 milhões para situações mais críticas como parte da “tensão sem precedentes”.

Djamila Cabral explica que as autoridades nacionais coordenam ações como comunicação, acesso a intervenções de saúde, compra de equipamentos, treinamento de pessoal que realiza vigilância, testes, rastreamento de contatos, isolamento e comunidades.

Meta

Estima-se que 3 milhões de pessoas estejam em situação precária. Destas, a área de saúde precisará de US$ 16 milhões para atingir 2,3 milhões de pessoas com serviços essenciais.

A meta da ação humanitária é alcançar as comunidades protegendo o pessoal da saúde. Outra área que deve merecer atenção é manter serviços de rotina nos hospitais onde há risco porque as pessoas já não vão a estes estabelecimentos.

Cabral disse que é urgente preservar a saúde em momento em que baixou o número de crianças vacinadas ou assistência a grávidas, planeamento e controlo de enfermidades que não o fazem de forma regular.

Trabalhadores humanitários entram numa tenda para tratamento de cólera na cidade da Beira.
Unicef/DE WET
Trabalhadores humanitários entram numa tenda para tratamento de cólera na cidade da Beira.

Malária e HIV

A representante alerta que se nada for feito agora “vamo-nos dar conta que paramos de dar serviços de base e vamos perder vidas”.

Moçambique lida com doenças endêmicas e subjacentes como malária, tuberculose, diabetes, hipertensão e HIV/Sida.

Para a chefe da OMS uma das chaves par a lidar com estes problemas é a “boa coordenação” na saúde entre o Governo de Moçambique, as agências da ONU e as ONGs que vêm atuando no setor.

Centro de saúde em Mutua, em Sofala
Foto ONU: Eskinder Debebe
Centro de saúde em Mutua, em Sofala