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Nações Unidas querem fim da violência sexual em conflito até 2030 BR

Uma refugiada que fugiu da violência de gangues várias vezes em Honduras começa novamente em Belize, em janeiro de 2019
© Acnur/Diana Diaz
Uma refugiada que fugiu da violência de gangues várias vezes em Honduras começa novamente em Belize, em janeiro de 2019

Nações Unidas querem fim da violência sexual em conflito até 2030

Saúde

Secretário-geral pede inclusão de pessoas afetadas em ações como resposta, prestação de conta de responsáveis; crise da Covid-19 expõe dificuldades de denúncia, acesso a abrigos e clínicas para cuidados.

As Nações Unidas marcam neste 19 de junho o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Sexual em Conflito, realçando a solidariedade com os sobreviventes.

Em vídeo, o secretário-geral António Guterres pede ação dos países para prevenir e acabar com estes crimes, pondo os sobreviventes no centro da resposta, responsabilizando os autores e expandindo o apoio a todos os afetados.

Mulheres e meninas

Exposição sobre violência sexual em conflito
Exposição sobre violência sexual em conflito , by ONU News/Daniel Dickinson

O chefe das Nações Unidas realça que a violência sexual em conflito é um “crime brutal”, muitas vezes “praticado contra mulheres e meninas, mas que também afeta homens e meninos.” Com sua repetição em comunidades e sociedades, se eternizam ciclos de violência e é ameaçada a paz e a segurança internacionais.

Em tempos da pandemia em áreas afetadas por conflitos, Guterres aponta que os sobreviventes deste crime enfrentam desafios ainda maiores porque “denunciar crimes pode ser difícil, abrigos e clínicas podem estar fechados.”

A mensagem destaca ainda a ação de funcionários que atuam na linha de frente de apoio os afetados pelo crime mesmo, “apesar dos confinamentos e das quarentenas”.

A ONU quer acabar com a violência sexual em conflito na próxima década como parte da meta de “eliminar todas as formas de violência de gênero”. Para a organização, esta é uma ameaça à “segurança coletiva, uma violação do Direito Internacional e um flagelo na consciência da humanidade”.

Serviços

Entre as 14 agências com ações pelo fim da violência sexual em conflito está o Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa. A agência apoia sistemas de referência para melhorar o acesso dos sobreviventes a serviços como saúde, apoio psicossocial, segurança, proteção, justiça, assistência jurídica e ajuda socioeconômica.

ONU
Dia Internacional para a Eliminação da Violência Sexual em Conflito

 

O Unfpa aponta consequências da falta de cuidados de saúde sexual e reprodutiva de forma abrangente: morte de mulheres e recém-nascidos, casos de gravidez indesejada, aborto inseguro, disseminação do HIV e falta de acesso a cura e recuperação para sobreviventes de estupro.

Entre as ações para prevenir e responder à violência sexual em conflito estão recolha e divulgação de dados sobre afetados com atenção na dignidade, na segurança e no respeito dos sobreviventes.

Foco

Em abril de 2019, o Conselho de Segurança adotou a Resolução 2467 que exorta os Estados-membros da ONU a se comprometerem com o fim de todas as formas de violência sexual em conflito com foco no sobrevivente.

Depois dessa adoção, governos, agências e outros parceiros reforçaram que todas as organizações de resposta humanitária têm a responsabilidade de proteger os afetados pela crise da violência sexual em reunião realizada em Oslo, Noruega.

Participantes debateram a necessidade de se promover um ambiente protetor
ONU/Nektarios Markogiannis
Participantes debateram a necessidade de se promover um ambiente protetor