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Com pandemia, mais de 47 milhões de mulheres podem perder acesso à contracepção BR

Assistentes sociais na Síria estão preocupadas com segurança de mulheres e meninas em isolamento
UNFPA Síria
Assistentes sociais na Síria estão preocupadas com segurança de mulheres e meninas em isolamento

Com pandemia, mais de 47 milhões de mulheres podem perder acesso à contracepção

Saúde

Novo relatório do Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa, informa que interrupção de serviços pode levar a 7 milhões de gravidezes indesejadas; casos de violência de gênero podem aumentar 31 milhões devido à covid-19; diretora do escritório da agência em Genebra explicou o que precisa ser feito. 

O número de mulheres sem acesso a planejamento familiar, enfrentando gravidezes indesejadas, violência de gênero e outras práticas prejudiciais pode disparar nos próximos meses, anunciou esta terça-feira o Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa. 

Em declarações à ONU News, a partir de Genebra, a diretora do escritório da agência na cidade, Mónica Ferro, explicou a importância destas conclusões. 

Crise

“O que as nossas projeções vêm revelar é uma crise dentro da crise. O impacto tremendo que a covid-19 pode ter nas mulheres e meninas em todo o mundo, com os sistemas de saúde sobrelotados, os equipamentos fechados ou prestando apenas um número muito limitado de serviços de saúde sexual e reprodutiva.”

Se o bloqueio durar 6 meses, cerca de 47 milhões de mulheres em 114 países de baixa e média renda podem ficar sem acesso a contraceptivos modernos, levando a cerca de 7 milhões de gravidezes indesejadas. Por cada três meses adicionais, mais 2 milhões de mulheres serão afetadas.

Cerca de 31 milhões de casos adicionais de violência de gênero podem acontecer. Cada prolongamento de três meses deve causar mais 15 milhões de casos extra.

Devido à interrupção de programas sobre mutilação genital feminina, 2 milhões de casos que podem ser evitados devem ocorrer na próxima década.

A pandemia também deve interromper os esforços para acabar com o casamento infantil, resultando em mais 13 milhões de casamentos na próxima década.

Resposta 

Mónica Ferro disse que os novos dados motivam a resposta da agência, que está trabalhando com governos e parceiros para responder ao desafio.

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“O que é preciso garantir é que a saúde e os direitos reprodutivos das mulheres sejam salvaguardados a todo o custo. Os serviços têm de continuar, os produtos têm de chegar as destinatárias e as mulheres mais vulneráveis têm de ser protegidas e apoiadas.”

As prioridades são fortalecimento dos sistemas de saúde, aquisição de suprimentos essenciais, garantia de acesso à saúde sexual e reprodutiva. O Unfpa também presta serviços contra violência de gênero e promove a comunicação de riscos e o envolvimento da comunidade.

Em nota, a diretora executiva da agência, Natalia Kanem, disse que os novos dados “mostram o impacto catastrófico que a covid-19 poderá ter sobre mulheres e meninas em todo o mundo.” Segundo ela, “milhões de mulheres e meninas correm o risco de perder a capacidade de planejar suas famílias e proteger seus corpos e sua saúde.”