Unicef: guia para grávidas e recém-nascidos em época de covid-19 BR

Medo, ansiedade e incertezas são alguns dos efeitos psicológicos da pandemia experimentados por muitas grávidas; Unicef perguntou à presidente da Confederação Internacional de Parteiras, Franka Cadée, o que pode ser feito para proteger os bebês e as mães.
Muitas grávidas estão com receio de comparecer às consultas enquanto cumprem as medidas de isolamento social. Existem muitas adaptações a essa nova realidade. Várias parteiras passaram a atender por telefone. De forma que o tempo do exame sobre o desenvolvimento do bebê é curto. Por isso, muitas mulheres não estão indo a todas as consultas e têm menos contato com o agente de saúde para evitar o risco de contaminação. E essas mudanças também devem atender aos pacientes, individualmente, e com base em suas respectivas condições de saúde. Por exemplo: gravidezes de alto risco e de baixo risco. As mães devem procurar as opções de agentes de saúde em suas comunidades, pois os profissionais que já cuidam das grávidas conhecem a realidade delas melhor que ninguém. Sejam parteiras ou obstetras. É importante continuar recebendo apoio profissional mesmo após o nascimento do bebê como imunizações de rotina logo procure conselhos de um agente de saúde para saber como realizar essas consultas.
Não sabemos se a doença pode ser transmitida durante a gravidez. Até o momento, o vírus não foi encontrado em fluídos vaginais ou no leite materno, mas as informações e os detalhes sobre o novo coronavírus continuam surgindo. Até agora, o covid-19 não foi detectado no líquido amniótico ou na placenta.
O melhor a fazer é tomar todas as precauções para evitar contrair essa doença. Mas se você está grávida ou acaba de dar à luz uma criança e foi infectada, procure um médico rapidamente e siga as instruções.
É melhor perguntar a sua parteira ou a seu médico qual seria a opção mais segura e que precauções devem ser tomadas. Isso difere de caso a caso. Depende da mulher, da situação e do sistema de saúde. A gente espera que a maioria das instalações de saúde possa manter os pacientes com covid-19 bem distante dos demais pacientes, mas em alguns casos, isso não é possível. Em algumas nações de renda alta,
como a Holanda, de onde venho, temos um sistema que integra o parto em casa ao sistema de saúde. Assim o parto caseiro é seguro. E mais mulheres estão optando por isso. E alguns hotéis estão sendo usados na Holanda por parteiras para o nascimento evitando que as grávidas se contaminem. Mas essa não é a realidade da maioria dos países.
As políticas variam de país para país. O ideal é que a mulher tenha alguém com ela garantido todas as precauções como uso de máscara cirúrgica, higiene das mãos etc. O que se nota em alguns países é uma proibição de acompanhantes e isso me preocupa. Compreendo que a redução no número de pessoas com a grávida, mas é preciso assegurar que ela tenha alguém: uma pessoa da família, parceiro, alguém próximo, e precisamos deixar o bebê com a mãe após o parto. Precisamos ter compaixão e entender cada situação. E o agente de saúde, paciente e familiares estão fazendo o que podem para usar o bom senso e para ouvir. É muito importante atuar em comunidade nessa hora.
Planejar o parto ajuda muito a diminuir ansiedade por oferecer um sentido de controle da situação, mas é preciso também reconhecer que no quadro atual, é difícil prever dependendo de onde se vive. É bom saber para quem telefonar quando os sinais de parto começarem. Quem dará o apoio na sala de parto e onde? Que restrições existem no local de nascimento etc. Para relaxar, as grávidas devem fazer exercícios como alongamento, respiração e ligarem para as parteiras caso necessário. Alimentar-se bem, ingerirem líquidos e viverem a gravidez de forma feliz.
É importante ter uma relação de confiança com eles e fazer as perguntas livremente. Quando a relação é boa, eles respondem tudo a contento e de forma aberta. Você tem direito a todas essas informações porque é o seu corpo e o seu bebê que estão em jogo. As parteiras estão lidando com um aumento de demandas sobre os serviços assim como médicos e enfermeiros e por isso devem levar mais tempo para responder. É possível estabelecer um sistema sobre como e quando se comunicar com seu agente de saúde. Por exemplo: organize suas consultas e como marcar uma emergência. Também é útil conversar com os seguros de saúde e provedores para obter uma cópia dos seus exames e prontuários e do pré-natal em caso de interrupções dos serviços. É importante perguntar tudo que você queira e precise saber antes do parto.
Alguns hospitais devem dar alta às novas mães mais rapidamente que antes por causa do risco. Mas isso difere de contexto para contexto. Por isso, a importância de pedir conselho aos obstetras e às parteiras.
É simples: fique somente em família e recuse visitas. E se tiver outras crianças, se assegure que elas estão isoladas, sem contato com outras fora da casa. Sua família deve lavar as mãos e se cuidar bem para evitar a pandemia. E ainda que seja um momento difícil, tente ver o lado positivo de usar esse momento para se aproximar como família. Aproveite a tranquilidade, estabeleça intimidade com o recém-nascido. Este é um tempo especial. Desfrute-o.
Pelas pesquisas que temos, as grávidas não têm maior risco de contrair a doença que outro grupo qualquer. Mas devido a mudanças em seus corpos e no sistema de imunidade, nos últimos meses da gestação, as grávidas ficam mais expostas a problemas respiratórios como infecções. E por isso, é importante tomar precauções. Eu sei que pode ser bem duro para as gestantes que têm que cuidar de si e do bebê. E muitas vezes de outros filhos também. O distanciamento social é vital para se proteger.
Sim. É perfeitamente seguro pelo que sabemos até agora. E é o melhor que a mãe pode fazer pelo filho. Até o momento não foi notificada nenhuma transmissão do vírus pelo leite materno. Mas se houver suspeita de que foi contaminada, procure um médico e siga as recomendações. E ao amamentar, use máscara e lave suas mãos antes e depois do contato com a criança. Se tiver muito doente para amamentar, retire o leite com equipamentos e alimente o bebê utilizando um copo ou uma colher limpos.
Muitas mulheres vivem desta maneira o que dificulta o distanciamento físico. Nesse caso, eu pediria à comunidade que tome conta dessas grávidas. As pessoas devem manter distância das gestantes para protegê-las. E alguns toaletes e banheiros devem ser reservados a elas. E todos devem lavar bem as mãos. Uma medida que ajuda muito. Vamos apoiar as grávidas que estão dando à luz nosso futuro.