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Unesco destaca uso de televisão em São Paulo para combater desigualdades no ensino a distância BR

Metade da população global vive em centros urbanos, ou 3,5 bilhões de pessoas
Diogo Moreira/Governo de Sao Paulo
Metade da população global vive em centros urbanos, ou 3,5 bilhões de pessoas

Unesco destaca uso de televisão em São Paulo para combater desigualdades no ensino a distância

Cultura e educação

Cerca de 1,5 bilhão de estudantes estão sendo afetados pelo fechamento de escolas em todo o mundo para combater pandemia; agência da ONU dá exemplos de como vários países estão respondendo a desafios como acesso desigual à internet.

Para combater a pandemia de covid-19, soluções de ensino à distância foram implementadas na grande maioria dos países, mas existem dificuldades para atingir os 1,5 bilhão de estudantes afetados. 

Segundo a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, a eficácia dos métodos de ensino é influenciada pela preparação técnica de escolas, pais e professores, disponibilidade de conteúdo on-line e acompanhamento do progresso dos alunos. 

Dificuldades

A Unesco destacou o estado de São Paulo, no Brasil, como um exemplo das dificuldades e como podem ser superadas.

A agência diz que “o Brasil é um país que luta com desigualdades extremas, inclusive em termos de ligação de internet de banda larga, com 70% do acesso agrupado em cinco grandes áreas urbanas.”

O professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Ladislas Dowbor disse que 95% da população possui televisão, por isso essa é a maneira mais acessível de garantir a continuidade da aprendizagem em contextos de baixa renda.

Nesse momento, a Secretaria de Educação de São Paulo está combinando programas educacionais de televisão pública, TV Cultura, com materiais impressos e aplicativos móveis gratuitos, criando uma abordagem combinada. 

Ladislas Dowbor disse que “os alunos estão se tornando protagonistas de sua própria aprendizagem.” Além disso, "com uma rede de produtores independentes, está sendo construída uma cultura nova de como o conhecimento é criado e compartilhado, de forma mais colaborativa.”

Exemplos 

A Unesco dá ainda o exemplo da Armênia, onde 25% dos 383 mil habitantes não tinha acesso a computadores no início da crise. O governo lançou uma campanha para fornecer dispositivos a famílias de baixa renda e, ao mesmo tempo, negociou uso da internet a custo zero com as empresas de telecomunicações. 

Em Ontário, no Canadá, onde existem 2 milhões de estudantes, o Ministério da Educação deu formação a 15 mil professores em apenas duas semanas. Vários cursos e outros materiais educacionais estão disponíveis em inglês e francês em um site central aberto a toda a população. O Ministério realiza reuniões semanais com sindicatos e conselhos escolares para identificar problemas e encontrar soluções.

Fases

Apesar dos esforços, o professor da Universidade Aberta do Reino Unido Mike Sharples disse que existem poucos dados sobre a eficácia do ensino a distância nos níveis primário e secundário.

O especialista afirmou, no entanto, que "vídeos instrucionais, por si só, não são tão eficazes quanto o ensino presencial" e que "uma mistura de diferentes métodos de ensino leva a melhores resultados ".

Segundo a chefe da unidade de ensino a distância da Unesco, Fengchun Miao, existem três fases principais na resposta ao fechamento das escolas.

Primeiro, a resposta imediata para identificar a melhor combinação de tecnologias, com foco no apoio psicossocial. Na segunda fase, é preciso criar uma nova rotina diária, prestando atenção à participação remota e engajamento dos alunos. No último estágio, a atenção deve ser dedicada à reabertura das escolas, com atenção para tornar os sistemas educacionais mais resilientes e preparados para o futuro.