Guterres apresenta prioridades para 2020 dizendo que ONU deve ouvir ainda mais BR

Secretário-geral da ONU discursou aos Estados-membros sobre quatro mudanças que ameaçam o progresso do século 21: tensões globais, mudança climática, desconfiança global e o lado sombrio das novas tecnologias.
O secretário-geral da ONU apresentou suas prioridades e a agenda da organização à Assembleia Geral, nesta quarta-feira.
António Guterres citou “quatro ameaças iminentes que colocam em risco o progresso do século 21.”
Para ele, tensões globais, mudança climática, desconfiança global e o lado sombrio das novas tecnologias são os principais pontos de preocupação.
O chefe da ONU disse que o mundo vive “as maiores tensões geoestratégicas em vários anos.” Ele destacou conflitos, terrorismo, ameaças nucleares, deslocamento forçado e risco de rupturas.
E lembrou que a última década foi a mais quente desde que existem registros, que um milhão de espécies correm risco de extinção e que “o planeta está pegando fogo.”
António Guterres citou a Convenção da ONU sobre Mudança Climática, COP 25, realizada em dezembro, em Madri, ao dizer que “muitos decisores políticos continuam hesitando”. Para ele, na próxima COP, em Glasgow, “os governos precisarão fazer a transformação exigida pelo mundo e pelas pessoas.”
Ao falar da Conferência dos Oceanos, marcada para em junho, em Lisboa, Portugal, ele disse que “chegou a hora de uma proibição global do uso de plásticos descartáveis.”
Sobre a desconfiança global, ele disse que “as pessoas estão convencidas de que a globalização não está funcionando” e que, por isso, a confiança no sistema político está caindo em todo o mundo.
Para o secretário-geral, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é a resposta para esse problema. Neste ano, a ONU lança a Década de Ação para cumprir os Objetivos de Desenvolvimentos Sustentável, ODSs. Em setembro, a organização acolhe o primeiro Fórum para avaliar os progressos.
Guterres fez ainda um apelo aos países-membros para que “abram novos canais para as pessoas serem ouvidas, encontrem pontos em comum, respeitem a liberdade de expressão e reunião e protejam o espaço cívico e de liberdade da imprensa.”
Sobre a última ameaça, ele afirmou que “para lidar com o lado sombrio da tecnologia, é preciso usar a tecnologia para fazer mudanças positivas.” Ele citou um estudo da ONU que afirma que o crime cibernético custa US$ 6 bilhões de dólares à economia mundial todos os anos.
Guterres contou que a automatização deve eliminar milhões de empregos até 2030. E que é necessário “trazer ordem” ao ciberespaço, porque “terroristas, supremacistas brancos e outros grupos que semeiam ódio estão explorando a internet e as redes sociais” para seus fins.
Apesar dos passos, dados no ano passado, o globo continua caminhando “para um mundo de máquinas assassinas que atuam sem julgamento ou controle humano.” A esse respeito, ele pediu que os Estados-membros proíbam as armas letais automáticas imediatamente, conhecidos como robôs assassinos.
Guterres também está “profundamente preocupado com as diferentes maneiras em que o respeito pelos direitos humanos está sendo erodido em todo o mundo.” É por isso que, em fevereiro, em Genebra, ele lançará um apelo para aumentar os esforços de promoção dos direitos humanos e dignidade humana.
Sobre a reforma da organização, o secretário-geral disse que, desde o primeiro dia, e com o apoio dos países-membros, ele “buscou reformas abrangentes com base nos princípios de flexibilidade, transparência e responsabilização.”
Em 2020, esses esforços continuarão. Segundo Guterres, o ano já terminou com um sucesso. Pela primeira vez, e dois anos antes da meta, a ONU alcançou paridade de gênero nos cargos mais altos, de subsecretário-geral e secretário-geral assistente.
Em 2020, a ONU celebra 75 anos. Guterres disse que “aniversários não são sobre celebrar o passado, mas sim sobre olhar em frente.” Para ele, é preciso “olhar para o futuro com esperança, mas sem ilusões.”
Segundo o secretário-geral, “comemorar os 75 anos com discursos bonitos não será suficiente.” Ele afirmou que, muitas vezes, governos e organizações internacionais “são vistos como locais para falar, não para ouvir” e é por isso que a ONU está lançando uma série de diálogos e pesquisas em todo o mundo.
António Guterres contou que quer “dar para o maior número de pessoas possível a possibilidade de ter uma conversa com as Nações Unidas.”