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Moçambique destaca paz, desastres naturais e segurança na ONU

Ministro de Negócios Estrangeiros e Cooperação, José Pacheco, fala na Assembleia Geral
Foto ONU/Cia Pak
Ministro de Negócios Estrangeiros e Cooperação, José Pacheco, fala na Assembleia Geral

Moçambique destaca paz, desastres naturais e segurança na ONU

Assuntos da ONU

Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicano discursou este sábado na 74ª sessão da Assembleia Geral; representante destacou temas como resposta a ciclones, acordo de paz e ações de malfeitores na província de Cabo Delgado.

O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, José Pacheco, afirmou que “o mundo continua flagelado por desigualdades, tensões e divisões que desafiam o papel do multilateralismo.”

O representante discursou este sábado na 74ª sessão da Assembleia Geral. Segundo ele, o multilateralismo ainda é “o mecanismo privilegiado de debate de ideias, concertação e forja de consensos num ambiente caracterizado por um défice crescente de confiança entre as nações.”

Abertura da Assembleia Geral
Abertura da Assembleia Geral, by Foto ONU/Cia Pak

Desastres naturais

Pacheco lembrou depois os dois grandes ciclones que atingiram o país no início do ano. Segundo o ministro, “Moçambique é considerado por alguns cientistas como o segundo país do mundo mais vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas.”

“Os dois ciclones tropicais de extrema magnitude, nomeadamente, o IDAI e o KENNETH, que devastaram extensas regiões do nosso país em Março e Abril deste ano, são prova disso, tendo causado 689 vítimas mortais e uma destruição do tecido económico-social nas zonas Centro e Norte do país, enquanto a zona Sul do país continua a ressentir-se dos efeitos da seca e do ciclone Dineo que ocorreu em 2018."

O ministro destacou a Conferência Internacional de Doadores, realizada na cidade da Beira em maio, que resultou em promessas no montante avaliado de US$ 1,2 mil milhões. Segundo as estimativas da Avaliação das Necessidades Pós-Desastres, são necessários US$ 3,2 mil milhões.

A esse propósito, ele reiterou “prontidão para continuar a trabalhar com os parceiros visando imprimir maior celeridade ao processo de desembolsos da ajuda prometida.”

José Pacheco disse ainda que o país está “empenhado em reforçar as medidas de adaptação e resiliência”, no quadro do Acordo de Paris, porque as autoridades estão “cientes de que os desastres naturais induzidos pelo clima se tornaram fenómenos recorrentes.”

Íntegra do discurso de Moçambique nas Nações Unidas

Acordo de paz

No dia 6 de agosto passado, foi assinado o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional de Maputo. O ministro disse que o documento “traduz o sucesso do diálogo interno e cria condições apropriadas para galvanizar a agenda de desenvolvimento de Moçambique.”

“Atualmente, decorre o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração, incluindo aspectos ligados à estrutura de comando e direção das Forças de Defesa e Segurança nacionais para alcançar este desiderato. Reconhecemos que a materialização deste importante processo requer uma capacidade técnica e financeira robusta, pelo que tomamos a ocasião para reiterar o apelo à comunidade internacional para apoio e assistência contínua na implementação do Acordo, sobretudo na manutenção do diálogo como plataforma incontornável de resolução de diferenças.”

O representante disse ainda que “a implementação plena” do acordo vai permitir que as eleições presidenciais, marcadas para 15 de outubro, possam acontecer em um “espírito de convivência democrática pacífica.”

Segurança

O ministro José Pacheco referiu ainda outros desafios e reformas internas, destacando a situação na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.

Segundo ele, a região “está a ser ensombrada pelas ações de malfeitores, que continuam a suscitar preocupação, ao semear luto e destruição do tecido socioeconômico, criando instabilidade em zonas localizadas.”

Acompanhe aqui a entrevista da ONU News com o ministro José Pacheco:

Entrevista: ministro de Moçambique destaca prioridades do país

Nações Unidas

Pacheco agradeceu ao secretário-geral, António Guterres, pelo “trabalho abnegado em prol do fortalecimento do sistema das Nações Unidas através de reformas na arquitetura da paz e segurança internacionais e do reposicionamento do sistema de desenvolvimento para melhor responder aos anseios dos Estados membros.”

Ele considerou a reforma do Conselho de Segurança “um objetivo fundamental”, dizendo que o órgão precisa “ganhar maior credibilidade e legitimidade e situe melhor a realidade do Século 21 na sua composição e atuação.”

Sobre os Objetivos da Agenda 2030, ele disse que Moçambique dá prioridade ao agronegócio, às redes de infraestruturas, à expansão da cobertura da rede eléctrica e ao ecoturismo.

Ele afirmou que o governo “adoptou uma abordagem que privilegia a proteção e o respeito dos direitos humanos”, bem como o desenvolvimento de capacidades das mulheres, jovens e outros grupos sociais vulneráveis.

Dentre os lusófonos, já discursaram os presidentes de Angola, Brasil Portugal, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné-Bissau. O representante de Timor-Leste encerra a participação dos países que falam português na segunda-feira.

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