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Cabo Verde quer produzir 100% da eletricidade com energias renováveis até 2040

Primeiro-ministro de Cabo Verde, José Ulisses Correia e Silva.
Foto ONU/Cia Pak
Primeiro-ministro de Cabo Verde, José Ulisses Correia e Silva.

Cabo Verde quer produzir 100% da eletricidade com energias renováveis até 2040

Assuntos da ONU

Primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva discursou durante debate na Assembleia Geral; chefe de governo destacou desafios ao desenvolvimento e anunciou metas para transição energética e resiliência ao clima no país africano.

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, disse que os cabo-verdianos têm “a aspiração legitima” de tornar Cabo Verde um país de alta renda.

Para Correia e Silva, “a boa notícia é que o mundo atual e as grandes tendências do futuro vão no sentido de valorização dos recursos que Cabo Verde possui e que nas gerações passadas eram sinónimo de problemas.” Ele fez a declaração durante o discurso na Assembleia Geral.

Íntegra do discurso de Cabo Verde nas Nações Unidas

Recursos

“O mar, que era cantado pelos nosso músicos e poetas como caminho para a migração e a saudade, hoje é um recurso transformado em economia azul e em turismo. O vento e sol, que eram sinais de estiagens, hoje são recursos para produzir energia renovável. A localização que nos colocava distantes do mundo hoje é um recurso importante para impulsionar Cabo Verde no Atlântico Médio como uma plataforma para a economia de circulação entre África, Europa, Estados Unidos e Brasil.”

O primeiro-ministro disse que os cabo-verdianos não inventaram um novo país, mas habituaram-se “a viver com ele, a ultrapassar as dificuldades e assumir um compromisso patriótico com o desenvolvimento.”

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Abertura da Assembleia Geral
Abertura da Assembleia Geral, Foto ONU/Cia Pak

Em 2008, Cabo Verde graduou-se a país de desenvolvimento médio.  Correia e Silva disse que essa graduação trouxe alguns desafios e que agora o objetivo é tornar-se um Estado de renda alta.

“O objetivo não é sair da estação de país menos avançado para ficar na estação de país de rendimento médio, em condições de financiamento e de cooperação mais penalizantes. O objetivo é atingir o desenvolvimento e a renda alta. É necessário, por isso, que o processo de transição tenha em conta, e como meta, o desenvolvimento e que os mecanismos e as condições de financiamento sejam coerentes e consistentes para lá chegar.”

Esforços

O primeiro-ministro falou depois sobre a estratégia que o país tem implementado na gestão de recursos de água e de transição energética. Cabo Verde é vulnerável aos fenómenos naturais, particularmente as secas.

“Introduzimos o primeiro dessalinizador de água do mar há 50 anos. Hoje 70% da população usa água dessalinizada para o seu consumo. Nos próximos anos, com os investimentos em curso, atingiremos 90%. Estamos a implementar estratégias para diversificar as fontes de água para agricultura. Estamos a implementar uma estratégia de transição energética, reduzir independência de combustíveis fósseis. Partindo dos atuais 20% a nossa meta é atingir 30% de produção de energia elétrica a partir de fontes de energias renováveis até 2025, superar os 50% até 2030 e atingir 100% até 2040.”

Sobre este tema, o chefe de governo lembrou que Cabo Verde foi o primeiro país africano a aderir à Aliança para Descarbonização dos Transportes. Até 2050, o país deve substituir todos os meios de transporte público para veículos elétricos

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Comunidade internacional

Correia e Silva referiu ainda um conjunto de “questões globais que têm de ter respostas globais.” Segundo ele, “este é um grande momento para acelerar a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.”

O primeiro-ministro afirmou ainda que Cabo Verde quer ser “um interlocutor útil no concerto das nações, para o diálogo para a paz e tolerância e como um aliado credível para a segurança cooperativa face à criminalidade transnacional, como tráfico de drogas, de pessoas e terrorismo.”

O chefe de governo terminou dizendo que “é hora de ir além das intenções e agir com ações concretas, mensuráveis e comprometidas com as ambições dos povos e as necessidades globais.”

Dentre os lusófonos, já discursaram os presidentes de Angola, Brasil Portugal e São Tomé e Príncipe. A ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau fala no sábado. A participação dos países lusófonos deve terminar na segunda-feira, com o discurso de representantes de Moçambique e Timor-Leste.

Acompanhe aqui a entrevista da ONU News a Ulisses Correia e Silva:

Primeiro-ministro de Cabo Verde diz à ONU News que Cplp desperta mais e mais interesse