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ONU analisa progressos em Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento

Criança anda de bicicleta, um Pequeno Estado Insular em Desenvolvimento que foi atingido por um furacão em 2019
Unicef/Sokhin
Criança anda de bicicleta, um Pequeno Estado Insular em Desenvolvimento que foi atingido por um furacão em 2019

ONU analisa progressos em Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento

Assuntos da ONU

Participam em reunião de alto nível presidentes da Irlanda, do Quênia e primeiros-ministros de Fiji e da Noruega, entre outros; serão discutidos progressos alcançados desde adoção do Caminho de Samoa em 2014.

Começa esta sexta-feira, na sede da ONU, em Nova Iorque, a Reunião de Alto Nível sobre Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, Sids, na sigla em inglês.

O encontro ocorre cinco anos após a aprovação de um acordo para apoiar o desenvolvimento sustentável nestes países conhecido como Caminho de Samoa.

António Guterres na ilha de Tuvalu
António Guterres na ilha de Tuvalu, Foto ONU/Mark Garten

Impacto

No encontro, o secretário-geral, António Guterres, disse que muitas das questões discutidas na Assembleia Geral essa semana “têm um impacto desproporcional” sobre esses países.

O chefe da ONU afirmou que “a emergência climática representa a maior ameaça à sua sobrevivência.” Segundo ele, “um desastre natural pode destruir as conquistas de desenvolvimento conseguidas durante uma geração.”

Ele lembrou o último relatório do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas, Ipcc, que afirma que a velocidade da subida dos oceanos é o dobro do que era no século 20. Cerca de um quarto da população desses países vive cinco metros ou menos acima do nível do mar.

Na segunda-feira, durante o Encontro de Cúpula de Ação Climática, esses países assumiram o compromisso de atingir a neutralidade de carbono e produzir 100% de energia renovável até 2030.

António Guterres disse que esses Estados estão “novamente liderando o mundo na direção certa”, mas “a crise climática está provocando injustiça atrás de injustiça.”

Segundo ele, esses países “contribuem muito pouco, praticamente nada, para o aquecimento global”, mas “estão pagando o preço mais alto.”

O chefe da ONU afirmou que “é hora de tomar grandes decisões e fazer grandes investimentos.”

Declaração

No final do encontro, foi aprovada uma declaração política. O documento pede novas formas de ajudar esses países a lidar com o risco de desastres, investir em infraestrutura resiliente e completar a transição para energias renováveis.

A declaração também pede que as instituições internacionais ajudem os pequenos Estados insulares e outros países de baixa e média renda a ter acesso a financiamento.

Ator e ativista Jason Momoa também discursou no encontro
Ator e ativista Jason Momoa também discursou no encontro, Foto ONU/Laura Jarriel

Prioridades

Antes da reunião, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades de São Tomé e Príncipe, Elsa Teixeira de Barros Pinto, falou à ONU News sobre as necessidades destes países. Segundo ela, uma das prioridades deve ser a definição dos investimentos.

“Como país em vias de desenvolvimento e que tem expetativas para um ramo superior, acho que a comunidade internacional está um pouco distraída. Distraída porque os recursos são desviados para coisas que não são menos importantes, mas que podiam incidir muito mais sobre ajudas à redução da pobreza em várias partes do globo. E é preciso olhar o mundo de frente e ver que, efetivamente, as assimetrias ainda são muito grandes, as desigualdades são muito grandes e essas desigualdades é que são geradoras da injustiça social e dos conflitos sociais no mundo.”

Necessidades

Esses países estão entre os mais vulneráveis ​​do mundo, enfrentando um conjunto único de questões relacionadas ao seu tamanho, isolamento, exposição a choques econômicos externos e desafios ambientais, incluindo os impactos da mudança climática.

A revisão do Acordo de Samoa deve discutir os progressos e desafios. Para o futuro, a ONU está pedindo que governos, setor privado, sociedade civil e academia lancem novas parcerias sobre implementação das áreas prioritárias.

As Nações Unidas dizem que “os próximos cinco anos de implementação devem buscar sinergias com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a agenda climática e outros processos multilaterais.”

Participantes

Participaram no encontro o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, o presidente da Assembleia geral, Tiijani Muhammad-Bande, e vários altos funcionários da ONU.

Participaram vários chefes de Estado e de Governo, como os presidentes da Irlanda, do Quênia e de Seychelles, e os primeiros-ministros de Barbados, Fiji, Samoa, Noruega, Aruba, Antígua e Barbuda e Curaçao.

O ator Jason Momoa foi um dos participantes.