Nas Bahamas, secretário-geral pede mais ação contra mudança climática
António Guterres visitou locais afetados por furacão Dorian; agências da ONU estão no terreno para apoiar os esforços de socorro nas ilhas afetadas de Abaco e Grand Bahama; Encontro de Cúpula de Ação Climática acontece em Nova Iorque a 23 de setembro.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, está de visita às Bahamas, que foi atingida este mês pelo furacão Dorian.
Falando a jornalistas na capital do país, Nassau, o chefe da ONU disse que “o pior impacto” da mudança climática “é nos países com as menores emissões de efeito de estufa.”
Ajuda
I was deeply moved by my visit to a shelter for people displaced by #HurricaneDorian where I heard terrible stories from those who lost loved ones or have no place to go. I was also touched by the dedication & compassion of the humanitarians helping them.https://t.co/4y2QBKZU1T pic.twitter.com/LYuvppqIfP
antonioguterres
Guterres disse que “as Bahamas são um bom exemplo disso”, onde “são as pessoas mais pobres e vulneráveis que sofrem mais.” Além disso, “tempestades repetidas prendem estes países em um ciclo de desastres e dívidas.”
Agências da ONU estão no terreno para apoiar os esforços de socorro nas ilhas afetadas de Abaco e Grand Bahama.
O chefe da ONU disse que “em algumas áreas, mais de três quartos de todos os edifícios foram destruídos, hospitais estão em ruínas ou sobrecarregados e escolas transformadas em escombros.”
Segundo ele, “milhares de pessoas continuarão precisando de ajuda com comida, água e abrigo, e muitas outras enfrentando as incertezas do futuro depois de terem perdido tudo.”
Embora o custo financeiro do furacão Dorian ainda não tenha sido determinado, Guterres estimou que será na ordem dos bilhões de dólares.
O secretário-geral afirmou que “não se pode esperar que as Bahamas paguem esta conta sozinhas” e que “estes novos desastres relacionados ao clima requerem uma resposta multilateral.”
Segundo ele, é preciso alcançar a meta de US$ 100 bilhões por ano, de fontes públicas e privadas, para mitigação e adaptação nos países em desenvolvimento. Guterres também apoia “firmemente”, em casos como as Bahamas, que a dívida externa do país seja transformada em investimento em resiliência.
Visita
O secretário-geral visitou um abrigo para pessoas deslocadas pelos furacões. Ele também encontrou muitos refugiados do Haiti e destacou o apoio generoso que lhes foi dado.
Segundo ele, a presença de tantos refugiados vulneráveis mostra a importância do apoio internacional para “ajudar as Bahamas a lidar com o impacto da tempestade, mas também com a necessidade de ajudar populações muito vulneráveis de estrangeiros que vivem na região, muitos deles sem documentos."
Ação global
Durante a visita, Guterres repetiu a necessidade de ação climática imediata.
Ele considera “totalmente inaceitável que se continue subsidiando combustíveis fósseis” e que “um número tão grande de usinas de carvão esteja sendo construído no mundo.”
Segundo ele, se a situação não for revertida “veremos tragédias como essa se multiplicando e se tornando cada vez mais intensas e mais frequentes ".
Líderes mundiais participam do Encontro de Cúpula de Ação Climática da ONU a 23 de setembro, em Nova Iorque.
Mais uma vez, António Guterres disse que os representantes estão sendo convidados a participar não com discursos, mas com planos para alcançar a neutralidade do carbono, reduzir as emissões e melhorar a adaptação à mudança climática.