Guterres nas Bahamas: “Nunca vi nada assim”

Secretário-geral terminou visita de dois dias aos locais afetados por furacão Dorian; Encontro de Cúpula de Ação Climática acontece em Nova Iorque a 23 de setembro.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse este sábado nas Bahamas que nunca viu nada como a destruição causada pelo furacão Dorian.
No final de sua visita de dois dias ao país do Caribe, o chefe da ONU afirmou que estava “horrorizado” com o que tinha visto. Ele disse que a tempestade “foi catalogada como categoria cinco, mas deve ser classificada como categoria de inferno.”
O secretário-geral afirmou que “existem agora mais furacões, mais intensos e mais frequentes, e são causados pelas mudanças climáticas.”
Depois de se reunir com o primeiro-ministro do país, Hubert Minnis, que lhe falou sobre as ações do governo e as principais necessidades do país, Guterres visitou um centro de emergência na ilha de Abaco, onde 90% da infraestrutura e habitação foram destruídas.
Guterres levou uma mensagem de solidariedade das Nações Unidas que, em estreita colaboração com o governo, ajuda as vítimas através de agências como Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, Programa Mundial de Alimentação, PMA, ou Programa da ONU para o Desenvolvimento, Pnud.
Para o secretário-geral, é claro que esses desastres sempre existiram, mas também é claro que há "uma aceleração desses fenômenos climáticos extremos que tem origem na atividade dos seres humanos".
Mais tarde, falando a jornalistas na capital das Bahamas, Nassau, ele afirmou que a comunidade internacional precisa tirar duas lições deste evento.
Primeiro, precisa “parar a mudança climática e ter certeza de que reverte a tendência atual, porque o ritmo da mudança é maior do que o necessário para detê-la.”
Segundo, é preciso admitir que países como Bahamas, que não contribuíram para a mudança climática, “estão na linha da frente da destruição da mudança climática e merecem assistência internacional para responder à emergência humanitária e também reconstruir o país e adaptar as comunidades ao aquecimento global.”
António Guterres disse que, a médio e longo prazo, a reconstrução requer um grande investimento e as Bahamas merecem todo o apoio.
Segundo o secretário-geral, a ONU apoia a tentativa de substituir parte da dívida do país em investimentos para a reconstrução.
Na sexta-feira, Guterres afirmou que estes desastres naturais "exigem uma nova resposta multilateral" e que o financiamento para mitigar os efeitos climáticos extremos faz parte dessa resposta. Ele também pediu que a comunidade internacional comece financiando os US$ 100 bilhão em ajuda anual que prometeu no passado.