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ONU lança plano para proteger locais religiosos

António Guterres deposita uma coroa de flores numa das duas mesquitas de Christchurch, na Nova Zelândia, onde os fiéis foram mortos em março de 2019.
ONU/Mark Garten
António Guterres deposita uma coroa de flores numa das duas mesquitas de Christchurch, na Nova Zelândia, onde os fiéis foram mortos em março de 2019.

ONU lança plano para proteger locais religiosos

Assuntos da ONU

Nova estratégia inclui recomendações para melhorar segurança destes lugares; secretário-geral diz que ódio ameaça todas as pessoas e, por isso, todos devem fazer parte deste trabalho.

O secretário-geral lançou esta quinta-feira, em Nova Iorque, o Plano de Ação das Nações Unidas para Salvaguardar Locais Religiosos.

Durante o lançamento, António Guterres disse que “locais de culto devem ser refúgios seguros para reflexão e paz, não locais de derramamento de sangue e terror.”

Moratinos sublinha que “os locais de culto não devem ter derramamento de sangue e terror”
Miguel Moratinos preparou o novo Plano de Ação a pedido do secretário-geral, Captura de ecrã

Violência

O chefe da ONU afirmou que “o mundo está enfrentando uma onda de antissemitismo, ódio anti-muçulmano, ataques contra cristãos e intolerância contra outros grupos religiosos.”

Segundo ele, somente nos últimos meses, judeus foram assassinados em sinagogas, muçulmanos mortos em mesquitas e cristãos mortos em oração.

Trabalho

Em março desse ano, depois de um ataque a uma mesquita em Christchurch, na Nova Zelândia, Guterres pediu ao alto representante da Aliança das Civilizações, Miguel Moratinos, que desenvolvesse um plano.

Na apresentação, Moratinos explicou que se reuniu com governos, líderes e organizações religiosas, sociedade civil, jovens, membros da comunicação social e setor privado para preparar o documento.

O alto representante disse que o plano pretende “ser um documento orientado para resultados que possa fornecer melhor preparação e resposta a possíveis ataques contra locais religiosos.”

Segundo ele, o sucesso da estratégia depende “da sua implementação e no compromisso de todas as partes interessadas, em particular dos Estados-membros.”

Planos

Secretário-geral depoista coroa de flores em Christchurch, na Nova Zelândia, depois de tiroteio em mesquita
Secretário-geral depoista coroa de flores em Christchurch, na Nova Zelândia, depois de tiroteio em mesquita, ONU/Mark Garten

O Plano de Ação será complementado pelo Programa Global sobre Proteção de Alvos Vulneráveis, que está sendo preparado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc.

O plano fornece recomendações concretas para garantir que os locais religiosos sejam seguros, que os fiéis possam cumprir seus rituais em paz e que os valores de compaixão e tolerância sejam promovidos em todo o mundo.

O documento tem como base a Declaração Universal dos Direitos Humanos e sete princípios: respeito, responsabilidade, diversidade, diálogo, solidariedade, atuar juntos e ficar juntos.

Segundo António Guterres, esses esforços são complementados pela Estratégia e Plano de Ação sobre Discurso de Ódio, que a ONU lançou em junho.

O chefe da ONU afirmou que “ambos os planos fornecem novas ferramentas importantes que se reforçam mutuamente para combater a intolerância e promover a coexistência pacífica.”

Ódio

Falando a jornalistas após a apresentação, António Guterres disse que quando locais religiosos “são atacados, são atacados os próprios pilares da sociedade.”

Segundo ele, além da violência contra estes lugares, “retórica repugnante também está se espalhando como fogo.” Isso inclui discursos de ódio contra grupos religiosos, mas também migrantes, refugiados e minorias, e afirmações de supremacia branca e um ressurgimento da ideologia neonazista.

Guterres concluiu dizendo que “o ódio é uma ameaça para todos e, por isso, combatê-lo deve ser um trabalho para todos.”