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Para ONU, um conflito no Golfo pode ter “consequências desastrosas muito para além da região”

A embaixadora brasileira Maria Luiza Ribeiro Viotti vai deixar o cargo no fim deste mês
UN Photo/Manuel Elias
A embaixadora brasileira Maria Luiza Ribeiro Viotti vai deixar o cargo no fim deste mês

Para ONU, um conflito no Golfo pode ter “consequências desastrosas muito para além da região”

Assuntos da ONU

Conselho de Segurança debateu situação no Oriente Médio com destaque para desenvolvimentos no Irã, Síria e Golfo; chefe de Gabinete do secretário-geral e secretário de Estado norte-americano foram alguns dos participantes.

A chefe de Gabinete do Secretário-Geral, Maria Luiza Ribeiro Viotti, disse esta terça-feira que “a situação no Oriente Médio continua preocupante e complexa.”

Em encontro do Conselho de Segurança, a representante disse que a situação continua sendo “caracterizada por conflitos prolongados, tensões geopolíticas ao nível regional e questões de governança, bem como graves déficits no desenvolvimento socioeconômico de vários países.”

Dificuldades

Reunião no Conselho de Segurança

A chefe de Gabinete lembrou a frase do secretário-geral em uma sessão do Conselho de Segurança do ano passado. Segundo António Guterres, “os mecanismos e as salvaguardas para administrar os riscos de escalada que existiam no passado parecem já não estar presentes”.

Maria Luiza Ribeiro Viotti destacou depois vários eventos das últimas semanas, afirmando que estes ilustram os vários desafios da região.

Sobre os incidentes no Estreito de Ormuz, ela disse que “a contenção e o diálogo são urgentemente necessários, para evitar o risco de que um pequeno erro de cálculo provoque inadvertidamente um confronto importante, com consequências desastrosas, mesmo muito além da região.”

Em relação ao programa nuclear do Irã, Viotti disse que “desentendimentos profundos estão exacerbando ainda mais as diferenças no Golfo” e que “apesar das preocupações”, o acordo nuclear de 2015 “continua sendo a única estrutura internacional acordada para abordar” essa questão.

Síria e Iêmen

Na Síria, Viotti disse que o enviado especial está finalizando o lançamento do Comitê Constitucional. Esse organismo deve “abrir a porta para um processo político mais amplo facilitado pelas Nações Unidas”. Apesar disso, a organização “está preocupada com o fato de que as hostilidades em curso no noroeste da Síria possam pôr em risco os esforços.”

O conflito na Síria arrasta-se há oito anos, levando milhões de sírios à fome e à pobreza. A situação obrigou a milhões de pessoas a abandonar as suas casas dentro e fora da Síria.
O conflito na Síria arrasta-se há oito anos, levando milhões de sírios à fome e à pobreza. A situação obrigou a milhões de pessoas a abandonar as suas casas dentro e fora da Síria. , by Acnur/ Benoit Almeras

No Iêmen, as Nações Unidas continuam a prestar assistência humanitária e fazendo esforços para implementar o acordo de Hodeida, esperando “que isso leve a discussões mais amplas e inclusivas sobre o fim do conflito.”

Por fim, abordando o conflito entre Israel e Palestina, a representante disse que “uma solução justa aceitável para ambos os lados é essencial para o futuro de toda a região.”

Soluções

Sobre as soluções para estes problemas, Viotti disse que “o crescimento inclusivo, a sustentabilidade ambiental, a igualdade de gênero e as oportunidades para os jovens são aspectos fundamentais.”

A representante afirmou que “houve alguns ganhos notáveis ​​em igualdade de gênero nos últimos anos”, mas que “a igualdade de oportunidades continua limitada e a violência baseada no gênero ainda é generalizada.”

Segundo ela, “uma maior participação das mulheres na governança e nas atividades econômicas melhoraria a renda familiar e as economias nacionais, mas também reduziria as vulnerabilidades a choques socioeconômicos.”

Para a chefe de Gabinete, “é crucial que as mulheres sejam capazes de desempenhar um papel significativo nos processos de paz” nos países afetados por conflitos. Ela disse que “a participação igualitária das mulheres está diretamente relacionada com uma paz mais sustentável.”

Chefe da ONU pediu mais diálogo entre membros do Conselho de Cooperação do Golfo.
ONU considera contenção e diálogo urgentemente necessários no Golfo Pérsico. , by Foto: OMI

 

Com crianças e jovens representando quase metade da população da região, o poder da juventude é igualmente crítico. Segundo Viotti, “a criação de empregos é um imperativo, assim como o investimento em educação, formação e capacidades que respondem às necessidades das sociedades e mercados atuais.”

Futuro

Maria Luiza Ribeiro Viotti terminou dizendo que “a lista de desafios é longa”, mas que “isso não deve deter” a comunidade internacional.

Segundo ela, “manter os canais de comunicação abertos precisa ser a prioridade número um, seguida por medidas de fortalecimento da confiança para afastar as partes do confronto.”

A representante disse ainda que “o papel do Conselho de Segurança na manutenção da paz e segurança internacionais continua sendo indispensável.”

Jovem em área bombardeada na cidade de Aden, no Iêmen
Pnud Iémen
Jovem em área bombardeada na cidade de Aden, no Iêmen