Sudão: OMS alerta para violência sobre civis, funcionários humanitários e infraestruturas

ONU condena ataques ocorridos na sequência de protestos; proposta criação de grupo para avaliar violação de direitos humanos no país; comunicado da União Africana anuncia suspensão do Sudão.
A Organização Mundial de Saúde, OMS, está “seriamente preocupada” com o recente impacto da violência no Sudão sobre pessoas necessitadas, trabalhadores de saúde e instalações médicas.
O diretor regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental, Ahmed Al-Mandhari, disse que os recentes ataques a hospitais na capital do país, Cartum, provocaram o encerramento de serviços de emergência. A agência relatou ainda “a transferência injustificada de pacientes, ferimentos em cinco médicos e pacientes e ameaças a outras pessoas”.
De acordo com o representante, “os profissionais de saúde foram alvos por cumprirem as suas tarefas profissionais na prestação de cuidados aos feridos.”
Também o Escritório da ONU para os Direitos Humanos expressou a sua preocupação com a situação no país. A proposta feita às autoridades é “a rápida mobilização de uma equipa de monitorização de direitos humanos da ONU” para examinar alegações de violações cometidas desde 3 de junho de 2019.
Falando a jornalistas, em Genebra, o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Rupert Colville, adiantou que está já em contacto com o Governo do Sudão para criar esta equipa. O grupo vai envolver as autoridades sudanesas relevantes, organizações da sociedade civil, entre outras.
Segundo agências de notícias, o ataque de paramilitares a civis que protestavam nas ruas da capital do país, na passada segunda-feira, levou à morte de pelo menos 120 pessoas. Muitas outras terão ficado feridas.
Esta escalada de violência levou a União Africana, UA, a anunciar a suspensão do Sudão da organização.
Agências de notícias informaram que esta decisão se deve ao receio dos Estados-membros de que divisões entre o regime militar no poder possam levar à guerra civil e à anarquia no país.
Deste modo, a UA pretende aumenta significativamente a pressão sobre os novos governantes militares do país, evidenciando a perspetiva de isolamento diplomático no continente e de sanções caso os militares que estão agora no poder não entreguem o poder a uma autoridade civil.
Neste contexto, a OMS reitera que estas ações “representam uma violação total e inaceitável do direito internacional dos direitos humanos e devem parar.”
A agência destaca que os cuidados de saúde, especialmente os serviços de emergência, devem ser protegidos de interferências políticas e operações de segurança.
Para tal, a OMS apelou à cessação imediata de todas as atividades que ponham em risco a vida dos trabalhadores de saúde e dos pacientes.
No início desta semana, o secretário-geral da ONU condenou com veemência a violência e os relatos do uso excessivo da força sobre civis.
Em nota emitida pelo seu porta-voz, António Guterres disse estar alarmado por relatos de que as forças de segurança abriram fogo dentro de instalações médicas.
Guterres relembrou ao Conselho Militar de Transição a sua responsabilidade pela segurança e proteção dos cidadãos do Sudão e apelou a todas as partes a agir com a máxima contenção.